Você provavelmente já ouviu a união entre duas palavras que talvez soem distantes: capitalismo consciente. Em um mundo que tem demonstrado níveis cada vez maiores de incerteza e em um Brasil no qual vemos escancarada as necessidades refletidas nos objetivos de desenvolvimento sustentável, ou ODS, da ONU, precisamos repensar quais são as diretrizes que ditam os resultados e o dia a dia dos negócios.
Capitalismo Consciente, Nova Economia, a própria Agenda 2030 da ONU ou um termo ainda mais comum no vocabulário de negócios de hoje, ESG, mostram qual é esse novo farol que pode guiar o futuro do trabalho e das empresas. Isso porque reforçam a importância das organizações assumirem a sua responsabilidade nessa mudança.
Vivemos uma realidade interconectada e cada empresa dentro de uma certa cadeia produtiva tem o seu papel nesse despertar. Das empresas de telefonia móvel, de energia até mesmo a fabricante do fio de cobre, que levam luz, internet e, assim, permitem o acesso ao trabalho e aos estudos para milhares de pessoas que hoje fazem isso de suas próprias casas.
Afinal, qual é esse papel das empresas? A responsabilidade não só pelo aspecto econômico que tem sido reforçado desde a famosa frase “as empresas existem para dar retorno aos seus acionistas”, ideia publicada em um artigo no The New York Times, em 1971, por Milton Friedman.
Mas também pelo seu impacto no entorno, seja ele ambiental, como a área de sustentabilidade vem se destacando com cada vez mais afinco dada a emergência das mudanças climáticas, seja ele social.
Qualquer organização, desde que começamos com essa estrutura econômica, possui intrinsecamente uma função social e uma responsabilidade pelo seu impacto nas pessoas que fazem parte do seu time, seus consumidores e a comunidade como um todo que é impactada direta ou indiretamente pelas suas atividades.
Essas novas diretrizes para um capitalismo mais consciente, sustentável e, porque não dizer, saudável do que o que vivemos hoje pede justamente por assumir a responsabilidade de cuidar das pessoas e de reduzir as desigualdades que o atual sistema capitalista gera. O lucro não é a razão pela qual existimos, mas uma das consequências alcançáveis necessárias para a sobrevivência, porém insuficiente para o impacto.
Se a maior prioridade da empresa é gerar lucro, será apenas isso que ela priorizará frente a decisões difíceis. Há um foco maior no interesse dos acionistas e quando isso se torna a única prioridade, os demais stakeholders sofrem, colocando em risco a sustentabilidade do negócio no médio e longo prazo.
Se queremos pessoas que “vestem a camisa” e tem “cabeça de dono”, precisamos criar uma proposta de valor como empresa que realmente permita não só o reconhecimento financeiro justo, mas também a realização profissional e o bem estar das pessoas. Gerar lucro para acionistas não é um motivador que gera engajamento.
Compreender o propósito, valores e outros aspectos culturais da empresa farão toda a diferença para criar um engajamento estratégico e, assim, conectar o que é importante para as pessoas com o que é importante para a empresa. Por isso não cansamos de repetir na Tribo que todo desafio de negócio é, na verdade, um desafio de gente.
A mesma lógica vale para a visão da comunidade como um dos stakeholders chave dos negócios. A empresa precisa reconhecer o seu atual impacto e o quanto dele é negativo ou positivo na sociedade como um todo. O mundo precisa de empresas que maximização o seu impacto e não apenas o seu lucro.
O lucro é uma forma de continuar gerando cada vez mais impacto. Temos a consciência de que neste novo capitalismo que surge, fazer o bem é o fim. Lucrar é só mais um meio.
* Stephanie Crispino, CEO da Tribo, consultoria com foco na humanização de culturas, integrando propósito e resultados.