Segundo dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) divulgados em agosto, o endividamento e a inadimplência voltaram a crescer no país. De acordo com a pesquisa, 8 em cada 10 brasileiros possuem algum tipo de dívida: 79% estão endividados, com contas prestes a vencer, sendo que 29% estão inadimplentes, com contas já vencidas.
Diante deste cenário, é preciso tomar algumas atitudes imediatas para organizar as finanças e definir as estratégias para quitar as dívidas. Mas qual é o primeiro passo?
“O ponto inicial é ter clareza sobre quem é o credor, o valor atual da dívida e o valor original, entre os quais normalmente há uma enorme diferença. Isso, com certeza, ajuda na negociação, tanto no desconto quanto no parcelamento”, explica a consultora contábil Dora Ramos, CEO da Fharos Contabilidade e Gestão Empresarial.
A especialista aponta que, para sair do vermelho, é necessário entender a atual realidade financeira e, então, organizar as finanças avaliando qual a disponibilidade de valor para pagamento das dívidas.
“Por exemplo, se uma família tem R$ 3 mil de ganhos mensais, mas R$ 2 mil já está comprometido com as contas fixas, ela precisa avaliar o que pode sobrar do R$ 1 mil restante, e não da renda total. Sempre, é claro, levando em consideração os gastos variáveis e os imprevistos financeiros do dia a dia”.
E será que fazer um empréstimo é realmente a melhor maneira de quitar as dívidas?
“Quando há essa possibilidade, é necessário analisar as condições do produto, as taxas e juros. Unificar as dívidas em apenas um credor pode ajudar, mas reduzir a quantidade de parcelas nem sempre é o melhor negócio. É importante destacar que a melhor parcela é aquela que pode ser paga sem comprometer o orçamento”, afirma a CEO da Fharos.
De acordo coma especialista, fazer um empréstimo pode ser uma boa saída, mas não deve ser tomado de uma forma inconsciente, afinal o objetivo é se livrar das dívidas e não ampliá-las. Por fim, Dora Ramos pontua que é fundamental estabelecer metas, organizar uma poupança para fazer aportes mensais (dentro da sua realidade financeira), não criar novas dívidas.
“Com a criação do hábito de listar os gastos fixos e, sempre que possível, cortar os excessivos e desnecessários, é possível iniciar a saída do vermelho ainda neste ano. Acima de tudo, os endividados devem respeitar o processo. Isso pode ser lento, mas com certeza vale muito a pena”, finaliza.
Por Dora Ramos, consultora contábil com mais de 30 anos de experiência.