Extremamente versáteis, os QR Codes – abreviação para Quick Response Code – estão em todo lugar e já são amplamente utilizados pelos brasileiros. Seja para visualizar o cardápio em seu restaurante preferido, ou acessar o site de algum produto ou serviço que você está vendo na TV, basta abrir a câmera do celular e apontar para ele para que “a mágica aconteça”.
Uma das aplicações mais relevantes deste tipo de código está na praticidade que oferecem na realização de pagamentos. É verdade que a implementação do PIX no Brasil alavancou e muito esta tecnologia, proporcionando a geração de códigos por parte de pessoas e empresas para receber valores na modalidade “peer-to-peer”, mas não é só isso. Diferentes serviços (como varejistas, delivery de comida, etc), que contam com carteiras digitais, disponibilizam a estabelecimentos parceiros os chamados QR Codes estáticos. E é neste ponto em que há uma revolução a caminho.
Embora práticos, estes QR Codes não oferecem a segurança necessária ao vendedor em relação a fraudes. Pouca gente sabe, mas a tecnologia utilizada em uma transação por meio dos QR Codes estáticos é semelhante àquelas feitas em e-commerces com poucas ferramentas de proteção. Sendo assim, uma pessoa mal-intencionada que paga usando o código pode simplesmente ligar em seu banco alegando que não fez tal compra. Nestes casos, o cliente é ressarcido e o prejuízo fica com o vendedor.
A nova geração de QR Codes padrão EMV, que vêm sendo desenvolvidos junto às grandes bandeiras de cartões de crédito e devem ganhar força no Brasil a partir do segundo semestre, têm como base tecnológica o protocolo EMV 3D Secure, padrão seguido por elas para a venda no comércio eletrônico – que proporciona que transações em ecommerce feitas com cartão não presente tenham a mesma segurança daquelas feitas com cartão presente.
Nesse formato, quando se faz uma compra, a própria “maquininha” (ou “smartphone”, ou “checkout”) gera um EMV QR Code dinâmico na tela especificamente para aquela transação, que já conta com recursos avançados de segurança. Já o comprador, aprova a compra em seu próprio dispositivo autenticado por instituição financeira ou de pagamento. Nesse caso, a compra acontece como se fosse com seu cartão de crédito ou débito presente (CP), o que diminui consideravelmente as chances dos fraudadores e dá segurança ao lojista.
Outro benefício dos novos códigos é a interoperabilidade. Enquanto nos códigos estáticos, a compra só pode ser paga por uma carteira digital específica, limitando muito as opções para o consumidor, nesta nova geração os pagamentos poderão ser feitos pelos aplicativos de qualquer instituição financeira ou de pagamento, tendo as bandeiras de cartões como os facilitadores deste serviço.
Em um país em desenvolvimento como o Brasil, onde a maioria das pessoas ainda não contam com smartphones com tecnologia NFC – que possibilitam os pagamentos por aproximação -, QR Codes mais modernos, seguros e amigáveis gerarão, no fim das contas, uma maior possibilidade de inclusão da população menos favorecida aos pagamentos digitais.
Por Mauro Tozzi é chefe global de vendas da HST, especializada em soluções de segurança para o ecossistema de pagamentos.