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Qual o motivo dos brasileiros serem os mais adeptos dos bancos digitais?

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Um fato tem intrigado os analistas de mercado: por que tantos brasileiros aderiram aos bancos digitais? É uma pergunta interessante que merece uma análise socioeconômica para uma boa resposta.

Primeiramente, vale a pena fazermos uma breve digressão: até o Plano Real controlar os altíssimos índices inflacionários da economia nacional, os bancos cobravam tarifas baixíssimas ou mesmo isentavam seus correntistas para utilização dos serviços bancários, afinal, a simples permanência dos recursos em conta corrente era suficiente para remunerá-los adequadamente por sua atividade.

Com a estabilização da inflação, essa metodologia não seria suficiente para manter os lucros das instituições financeiras. Desde então, foram poucos os bancos que sobreviveram a esse novo cenário, e os que conseguiram, passaram a cobrar cada vez mais tarifas.

A concentração de mercado nos cinco principais bancos brasileiros – Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Santander e Bradesco – tornou-se bastante expressiva, contudo, vem caindo desde 2018, conforme podemos observar pelos dados referentes a ativos totais, divulgados pelo Banco Central do Brasil:

2018: 81,2%

2019: 81,0%

2020: 77,6%

2021: 76,6%

Essa diminuição se deve à busca dos brasileiros de condições mais vantajosas para manterem suas contas, e os bancos digitais têm sido uma ótima alternativa.

Em abril de 2016, atento às rápidas evoluções tecnológicas, o Banco Central regulamenta a abertura e encerramento de contas nessa modalidade de instituição financeira, e a partir de 2018, liberou regulamentações que deram maior autonomia às chamadas Fintechs, permitindo, por exemplo, que atuassem na oferta de crédito sem ter que depender de bancos para isso. Para além da expansão dos serviços, facilitou processos outrora burocráticos, e no início de 2020, o Banco Central permite abertura de contas sem necessidade de apresentação de documentos físicos.

A todas essas facilidades, soma-se mais vantagens oferecidas pelos bancos digitais: a gratuidade de serviços e a concessão simplificada de cartões de crédito.

Paralelamente, segundo levantamento anual da FGV, o Brasil tem mais de um smartphone por habitante: são 242 milhões de celulares no País, para 214 milhões de habitantes, de acordo com o IBGE (números de 2021).

Ou seja: o cliente do banco digital tem uma agência em seu bolso, ao alcance das mãos, com a maioria dos serviços gratuitos e sem burocracia. Difícil resistir e fácil de explicar a rápida aderência dos brasileiros a essas instituições.

Thaís Cíntia Cárnio, professora de Direito Empresarial da Universidade Presbiteriana Mackenzie

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