As ações da Hapvida (HAPV3) registraram uma queda superior a 7% no Ibovespa nesta quarta-feira (13), após a operadora de saúde divulgar os resultados do terceiro trimestre de 2024, que ficaram abaixo das expectativas do mercado. Às 16h15 (horário de Brasília), os papeis da companhia estavam sendo negociados a R$3,09, com uma baixa de 6,65%, liderando as perdas do índice.
O prejuízo líquido da Hapvida no período foi de R$71,3 milhões, representando uma melhora de 65,5% em relação ao terceiro trimestre de 2023, quando a companhia teve um prejuízo de R$206,7 milhões. Apesar dessa melhora no resultado negativo, o mercado esperava um desempenho melhor, o que gerou uma reação negativa nas ações da operadora de saúde.
O Ebitda ajustado da companhia somou R$ 762,6 milhões, com um crescimento de 2,8% na comparação anual. A taxa de sinistralidade, indicador que mede o custo com os serviços prestados aos beneficiários, foi de 70,4%, uma queda de 1,5 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2023. Esses números, embora positivos, não foram suficientes para contrabalançar o impacto da judicialização crescente no setor de saúde.
O principal destaque do balanço foi o aumento expressivo nos depósitos e bloqueios judiciais, que somaram R$ 869 milhões entre julho e setembro. Esse valor mais que dobrou em relação ao mesmo período do ano anterior e representou o principal fator negativo para as ações da companhia. A judicialização é um desafio crescente para o setor de saúde e, de acordo com o presidente-executivo da Hapvida, Jorge Pinheiro, a companhia está “repensando o modelo de precificação para absorver com eficiência esse aumento no número de disputas legais”.
Durante a teleconferência de resultados, Pinheiro comentou que a judicialização aumentou significativamente nos últimos 12 a 24 meses, impactando de forma negativa o desempenho da companhia. “Estamos buscando maneiras de lidar com a judicialização de forma mais eficiente, mas é um desafio que precisa ser endereçado rapidamente”, afirmou o executivo.
Projeções do mercado
Apesar dos resultados abaixo das expectativas, analistas destacam que a Hapvida ainda apresenta um fluxo de caixa “sólido” e um “ticket médio forte”, com um crescimento no número de beneficiários. O BTG Pactual, por exemplo, destacou que o terceiro trimestre não foi “tão negativo”, considerando esses pontos positivos. A empresa também registrou o primeiro crescimento líquido no número de beneficiários de saúde nos últimos seis trimestres, um sinal de recuperação no longo prazo.
No entanto, os analistas do banco alertaram que a forte judicialização e o aumento nas provisões contingenciais pesaram nos resultados da Hapvida, o que levou à revisão para baixo das expectativas de lucro líquido para 2025, com um corte de 20%. O BTG também destacou que, apesar da revisão nas estimativas, os papéis da Hapvida ainda têm um potencial de valorização de 81,2%, com preço-alvo de R$ 6.
Já o Santander destacou em relatório que, embora o impacto dos depósitos judiciais tenha sido menor do que o esperado, as provisões apresentaram uma recuperação. A avaliação dos analistas do Santander é que a Hapvida continua sendo a “empresa mais adequada” do setor de saúde para investidores com foco no médio a longo prazo.