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Após alta de 240%, é hora de comprar ações das Americanas?

A Americanas completa 22 meses de recuperação judicial, reduz sua dívida e apresenta lucro contábil, mas ainda enfrenta desafios operacionais e financeiros.

Imagem/Reprodução Americanas
Imagem/Reprodução Americanas

A recuperação judicial da Americanas (AMER3) completa 22 meses nesta terça-feira (19), com a empresa varejista tentando superar sua crise financeira. Apesar da recente capitalização de R$ 24 bilhões e da recuperação de parte de suas dívidas, a companhia ainda enfrenta desafios operacionais significativos, refletidos em seu endividamento de R$ 34,3 bilhões e nas incertezas sobre sua recuperação sustentável.

A Americanas, após 22 meses de recuperação judicial, apresentou um cenário financeiro ainda tenso, apesar das medidas tomadas para retomar a normalidade. Em um esforço para reverter sua situação financeira, a varejista capitalizou R$ 24 bilhões por meio de seus principais acionistas e credores. Embora os números tenham gerado otimismo entre alguns investidores – com a alta de 240% das ações da companhia em apenas três pregões – especialistas ainda indicam cautela diante da fragilidade operacional da empresa.

No terceiro trimestre de 2024, a Americanas registrou um lucro contábil de R$ 10,3 bilhões, impulsionado por ajustes de valor em créditos tributários. Contudo, o lucro não reflete uma recuperação operacional sólida, uma vez que a empresa ainda lida com um parque de lojas reduzido. Nos 12 meses até setembro, 105 unidades foram fechadas, refletindo um downsizing significativo.

Ebtida e outros indicadores

O Ebitda ajustado da companhia foi positivo em R$ 252 milhões no terceiro trimestre e R$ 15 milhões no acumulado de janeiro a setembro de 2024. Embora esses números indiquem uma recuperação em comparação com o mesmo período de 2023, parte do resultado foi impulsionada pela reversão de uma baixa contábil de créditos tributários (ICMS) no valor de R$ 502 milhões.

Outro ponto relevante é a estrutura da dívida da empresa, que, embora tenha sido substancialmente reduzida, ainda é um fardo. A dívida bruta foi reduzida de R$ 45,2 bilhões, em junho de 2024, para R$ 1,7 bilhão no final de setembro. No entanto, a Americanas ainda possui compromissos financeiros com fornecedores, que deverão ser quitados em até 60 parcelas, com pagamentos iniciados em abril de 2024.

Ao fim do terceiro trimestre, a empresa apresentou R$ 482 milhões em caixa, mais equivalentes em recebíveis, mas a companhia reconhece que a situação financeira é ainda delicada quando se considera as obrigações do Plano de Recuperação Judicial (PRJ) em andamento.

A companhia, por sua vez, se mostra otimista com os resultados de sua reestruturação. “Eliminamos quase a totalidade das dívidas concursais e transformamos a Americanas em uma empresa com dívida equivalente ao seu volume de caixa e recebíveis”, destacou a empresa no comunicado à imprensa. De fato, após o acordo com os credores e uma injeção de capital por parte dos bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles, a Americanas conseguiu reverter seu patrimônio líquido de R$ 30,4 bilhões negativos em junho de 2024 para R$ 5,7 bilhões positivos no final de setembro.

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