- A Azul (AZUL4) reportou prejuízo líquido ajustado de R$ 203 milhões no 3º trimestre de 2024, uma queda de 76,3% em relação ao mesmo período de 2023
- A empresa teve um EBITDA recorde de R$ 1,65 bilhão, com crescimento de 6% e aumento de margem de 31,7% para 32,2%
- Apesar de um bom desempenho, a Azul ajustou sua projeção de crescimento de capacidade para 2024, passando de 7% para 6%
A Azul (AZUL4) anunciou nesta quinta-feira (9) um prejuízo líquido ajustado de R$ 203 milhões no terceiro trimestre de 2024, o que representa uma expressiva redução de 76,3% em relação ao prejuízo de R$ 856 milhões registrado no mesmo período do ano passado. A melhora nos números reflete a recuperação operacional da companhia aérea, que, apesar de ainda enfrentar desafios do setor, conseguiu otimizar sua gestão de custos e aumentar suas receitas.
Melhora no desempenho operacional
Um dos destaques positivos do resultado foi o desempenho operacional da Azul, com o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) atingindo a marca recorde de R$ 1,65 bilhão. Esse valor representou um crescimento de 6% em relação ao mesmo período de 2023, com a margem EBITDA subindo de 31,7% para 32,2%. A empresa também registrou uma receita líquida de R$ 5,1 bilhões entre julho e setembro, um aumento de 4,3% em relação ao ano passado, impulsionado principalmente pela estabilidade dos preços das passagens e pelo aumento no número de passageiros transportados, que cresceu 3,8%.
O indicador de yield (preço médio das passagens) teve uma leve queda de 0,3%, refletindo uma oscilação no mercado.
Custos e despesas
Os custos e despesas operacionais da empresa aumentaram 3,8% no trimestre, somando R$ 4,1 bilhões, o que demonstra um controle relativamente eficaz das despesas, mesmo em um ambiente desafiador. A combinação de aumento nas receitas e um controle mais rigoroso de custos foi fundamental para a redução do prejuízo líquido e a melhoria nas margens operacionais.
Perspectivas para o futuro
Apesar da melhoria nos resultados, a Azul revisou suas expectativas de crescimento para o ano seguinte. A companhia aérea estimou que, em 2024, sua capacidade de oferta de voos aumentará cerca de 6% em relação ao ano passado, abaixo da previsão inicial de crescimento de 7% para 2023. A redução no crescimento esperado se deve a uma série de fatores imprevistos, incluindo a forte redução da capacidade doméstica causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, a diminuição temporária da oferta internacional no primeiro semestre do ano e os atrasos nas entregas de novas aeronaves por parte dos fabricantes.
Ajuste nas expectativas
“Ajustamos nossas expectativas de crescimento devido aos desafios operacionais enfrentados este ano. A redução na capacidade doméstica e os atrasos nas entregas de aeronaves afetaram nossa projeção, mas seguimos confiantes em nossa recuperação e capacidade de gerar valor para os acionistas”, afirmou a Azul em comunicado oficial.
A companhia também informou que, no próximo ano, terá cerca de R$ 800 milhões em capital de giro e que planeja investir R$ 1,7 bilhão, com um fluxo de caixa recorrente projetado de aproximadamente R$ 2,3 bilhões. Esses números indicam uma continuidade no processo de recuperação da empresa, com foco na expansão gradual e na manutenção da sustentabilidade financeira.
Alavancagem e comparação com concorrência
Em termos financeiros, a Azul terminou o terceiro trimestre com uma alavancagem financeira de 4,4 vezes, um pouco superior ao nível de 4 vezes registrado no mesmo período do ano anterior, mas ligeiramente abaixo do múltiplo de 4,5 vezes no final de junho de 2024. A companhia permanece atenta à sua estrutura de endividamento, uma vez que ainda enfrenta desafios para reduzir sua alavancagem em um ambiente de recuperação econômica no Brasil e de volatilidade no setor aéreo.
Em comparação com a sua principal concorrente, a Gol (GOLL4), que também está em processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, a Azul se destacou positivamente no terceiro trimestre. A Gol anunciou uma queda de 36% no prejuízo líquido do terceiro trimestre em relação ao ano anterior, com um prejuízo de R$ 830 milhões. Embora o resultado da Azul ainda seja negativo, a empresa mostrou um desempenho superior em termos de recuperação operacional e financeiras, o que a posiciona de forma mais favorável para os próximos trimestres.