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Boicote de frigoríficos ao Carrefour Brasil pode afetar fluxo de clientes

O boicote de frigoríficos à rede de supermercados Carrefour Brasil e suas marcas, como Atacadão e Sam’s Club, pode gerar impactos expressivos no desempenho financeiro da empresa no quarto trimestre.

Imagem/Reprodução
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O boicote de frigoríficos à rede de supermercados Carrefour Brasil e suas marcas, como Atacadão e Sam’s Club, pode gerar impactos expressivos no desempenho financeiro da empresa no quarto trimestre. Analistas apontam que a interrupção no fornecimento de carnes, além de outros fatores, ameaça afetar as vendas e o lucro líquido de forma considerável.

De acordo com um relatório do Goldman Sachs, com base em dados do formulário de referência do Carrefour, os produtos alimentícios representam 88% das vendas consolidadas da empresa. O banco estima que uma interrupção de 6% a 12% no fornecimento de carnes bovinas, suínas e de frango pode reduzir as vendas diárias em até 0,13% e resultar em uma queda de 1,8% no lucro líquido diário.

“O impacto extrapola as vendas de carne, pois a falta do produto pode reduzir o fluxo de clientes como um todo, ocasionando quedas significativas em outras categorias”.

afirmaram os analistas Irma Sgarz, Felipe Rached e Gabriela Leme no documento.

Impactos na Bolsa de Valores

As ações do Atacadão (CRFB3), braço brasileiro do Carrefour, registraram alta volatilidade. Após caírem mais de 4% no início da segunda-feira, fecharam o pregão com valorização de 3,61%, cotadas a R$ 6,88.

O Citi, em análise separada, destacou que, embora improvável, um boicote prolongado pode pressionar ainda mais a percepção do mercado. “Trata-se de uma situação fluida e complexa, e não se pode descartar uma reação negativa”, alertou o banco.

Por outro lado, o BTG Pactual observou que o aumento da inflação em setembro trouxe um leve alívio ao varejo alimentício, mas alertou que interrupções no fornecimento dos frigoríficos podem reverter o cenário positivo nas vendas do final do ano.

“Tiro no pé” do CEO

O ponto de partida da crise foi uma declaração polêmica do CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, que nas redes sociais defendeu práticas consideradas controversas na cadeia de suprimentos de carne. Para João Daronco, analista da Suno Research, a atitude foi um erro estratégico:

“Difícil prever quanto tempo o boicote pode durar, mas o impacto no curto prazo será inevitável. Foi praticamente um tiro no pé dado pelo presidente do Carrefour ao seu grupo”.

afirmou Daronco.

Perspectivas para o setor

A XP Investimentos destacou que as carnes representam cerca de 5% das vendas totais do Carrefour Brasil, mas alertou para efeitos secundários. “Uma falta de estoque persistente pode amplificar os prejuízos no quarto trimestre”, pontuou o relatório.

As incertezas em torno da crise também preocupam outros varejistasCrise: grandes varejistas demitem mais de 35 mil no Brasil. A dependência de fornecedores locais e a sensibilidade do consumidor brasileiro em relação a questões éticas e ambientais no setor alimentício são fatores que podem influenciar o desenrolar da situação.

Apesar disso, o Citi reforçou que o tamanho da operação brasileira, que movimenta mais de R$ 100 bilhões anualmente, é uma barreira para um boicote prolongado, apostando em uma resolução mediada entre as partes.