“Penso que temos que ter muito claro em nossa mente que somos um país ocidental”, afirmou Armínio Fraga.
Na quarta-feira (23), o ex-diretor do Banco Central e fundador da Gávea Investimentos, Armínio Fraga, disse que o Brasil precisa ser claro em seu alinhamento com os ideais ocidentais de democracia e direitos humanos, especialmente em um cenário global dividido.
Fraga ainda afirmou que o Brasil precisa se posicionar como um “país ocidental”.
Em evento do Bloomberg New Economy at B20, em São Paulo, Armínio Fraga aproveitou para dizer que a estratégia do país de tentar ser simpático a todos não é sustentável. Embora seja bom para o Brasil negociar com países de todo o mundo, suas posições centrais ainda devem ser claras.
“Ao longo dos anos, temos demonstrado um gosto duvidoso em relação às pessoas com quem convivemos e com quem tiramos fotos”, reforçou Fraga.
Sobre Armínio Fraga
Fraga é um economista brasileiro, que possui também nacionalidade norte-americana. Ex-presidente do Banco Central do Brasil e sócio-fundador da Gávea Investimentos, é um dos economistas mais influentes do Brasil.
Armínio Fraga afirma que Galípolo necessita de apoio fiscal para sucesso no BC
O futuro presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, possui as condições necessárias para implementar uma política monetária eficaz, mas, segundo Armínio Fraga, ex-presidente do BC, ele precisará do suporte de uma política fiscal responsável. Durante uma palestra promovida pelo jornal Valor Econômico, Armínio destacou a importância da colaboração entre as instituições para o sucesso econômico do país.
“O Congresso não tem contribuído para uma política fiscal mais robusta”, afirmou, expressando sua preocupação com a falta de apoio ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Números que não fecham”
Armínio observou que “os números não fecham” em relação às metas de resultado primário e que o Brasil precisa reduzir a relação dívida/PIB para garantir a capacidade de agir em situações futuras de necessidade.
Ele também reconheceu a coragem de Haddad ao implementar o novo arcabouço fiscal, mesmo diante da resistência, inclusive do próprio presidente.
“Todo mundo era contra; o presidente tinha discursos raivosos até”, ressaltou.
No entanto, Armínio criticou a estratégia do governo em relação aos gastos. Dessa forma, sugerindo que o início do mandato deveria ser utilizado para organizar as finanças antes de se buscar colher frutos.
“É Maquiavel básico: no início de mandato, você tem que arrumar a casa para depois colher os resultados”, concluiu.