A primavera teve início no domingo (22), às 9h44.
No último domingo (22), a primavera chegou e com ela, a expectativa de aumentar a umidade do ar em praticamenticamente todo país, com exceção do Nordeste.
“É uma estação de transição do período seco, que é o inverno, para o período úmido, o verão. Para a maioria dos Estados brasileiros, a primavera significa dias de calor e aumento gradual da frequência de eventos de chuva.”
De acordo com a empresa de meteorologia Climatempo, a mudança no clima deve ajudar a reduzir o número de queimadas no Brasil, que hoje é recorde e alarmante.
Haverá, também, passagem de frentes frias de origem polar no Sul e no Sudeste até dezembro, derrubando as temperaturas por alguns períodos – em geral, curtos.
Queimadas afetam qualidade do ar de quase todas as capitais do Brasil
Durante os últimos dias, o sol apareceu vermelho em váriaa capitais brasileiras, incluindo Brasília (DF), que estava por detrás de uma camada cinza de fumaça e fuligem.
Segundo informações, mais de 6% da área do Parque Nacional, situado a poucos quilômetros do centro de Brasília, pegou fogo. O incêndio teve origem criminosa e se alastrou com muita facilidade, às vezes de forma subterrânea, passando por baixo de rios, queimado matas de galeria do cerrado a partir da raiz.
Não é preciso estar perto do fogo para sofrer com a fumaça. Moradores de Porto Alegre (RS), que há quatro meses estava parcialmente submersa devido às fortes chuvas que arrasaram o estado, lidam com a dificuldade de respirar e com o fenômeno da “chuva preta” – nuvens carregadas de água se juntaram à fuligem de queimadas ao norte.
Fumaça de queimadas são um risco para população
Durante os últimos dias, as queimadas e secas viraram rotina. As condições atuais e altas temperaturas, levaram o Ministério da Saúde a reforçar orientações para a proteção dos brasileiros.
As orientações para a população são: aumentar a ingestão de água e procurar locais frescos; evitar atividades físicas em áreas abertas; não ficar próximo dos focos de queimadas e procurar atendimento médico em caso de náuseas, vômitos, febres, falta de ar, tontura, confusão mental ou dores intensas de cabeça, no peito ou abdômen.
O Ministério da Saúde informou que, há um grande aumento do risco de infecções respiratórias para os seguintes grupos: crianças de até 02 anos, idosos com 65 anos ou mais e pessoas com doenças metabólicas e cardiovasculares, e imunocomprometidas.
Além da hidratação, é muito importante o uso de máscaras, se possível N95 ou PFF1, 2 ou 3, que são mais eficazes que as cirúrgicas; permanecer o maior tempo possível no interior das casas e com as janelas fechadas; além de evitar atividades físicas
Governo poderia ter agido de forma antecipada em relação as queimadas e seca, dizem especialistas
Na última semana, foi informado que o governo Lula foi alertado antecipadamente sobre a seca e o risco de incêndiosflorestais no Brasil. Uma série de documentos incluindo ofícios, notas técnicas, atas de reuniões e processos judiciais mostram que a gestão tinha ciência do que estava por vir desde o início do ano.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o país enfrenta a pior seca já ocorrida em sete décadas, quando começaram os registros. A crise provoca incêndios florestais – a maioria deles criminosos, diz o governo –, ondas de fumaça no céu, seca rios, prejudica o atendimento a comunidades isoladas e causa problemas de saúde, sobretudo respiratórios.
No dia 10, Lula foi ao Amazonas com uma comitiva de ministros e anunciou a criação da Autoridade Climática, recuperando promessa de campanha não cumprida. Além disso, ele disse que vai liberar R$ 500 milhões para combater efeitos da estiagem recorde na Amazônia.
Neste ano, 58% do território nacional é afetado pela seca. Em cerca de um terço do País, o cenário é de seca severa, segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
Reprovação de Lula dispara com descontrole sobre queimadas
As avaliações negativas sobre a gestão ambiental do presidente Lula dispararam com a intensificação das queimadas em diversas regiões do país. A crise ambiental provocou uma reação pública mais severa, refletida em uma pesquisa recente divulgada pelo Ipec em 12 de setembro. O levantamento mostrou um agravamento na percepção geral do governo.
A porcentagem de entrevistados que consideram a administração de Lula como boa ou ótima caiu de 37% em julho para 35% em setembro. Por outro lado, a proporção daqueles que classificam o governo como ruim ou péssimo subiu de 31% para 34%. Em setembro, 28% dos eleitores avaliavam a gestão como regular, uma queda em relação aos 31% registrados em julho.
No início do mandato, em março de 2023, a avaliação do governo Lula era mais favorável: 41% dos respondentes o consideravam bom ou ótimo, 24% o viam como ruim ou péssimo e 30% o classificavam como regular. A deterioração das avaliações coincide com o aumento das críticas à forma como o governo tem lidado com as questões ambientais, evidenciando um impacto direto da crise das queimadas na percepção pública.
EM MEIO A RECORDES DE QUEIMADAS, MARINA SILVA “DESAPARECE”, DIZ UOL
Durante sua participação no UOL News, o colunista Tales Faria destacou uma preocupação crescente: a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil. Visto, assim, que Marina Silva está ausente em um momento crítico para o país.
“Esse era o momento para a Marina estar em todos os lugares, chamando atenção. O problema é que tinha que haver um plano de contingência nacional, com todos os entes da federação incluídos e que já estivesse em execução. Mesmo em São Paulo, (…) já tinha que ter parado os carros para diminuir a poluição imediatamente”, afirmou o colunista.
“Tinha que ter atitudes drásticas e à frente disso uma liderança forte. Temos uma liderança forte, o presidente [Lula], mas só ele. A Marina foi nomeada ministra para isso, ela era uma pré-candidata forte e tinha condições de se eleger na eleição passada [em 2022]. Mas ela não está liderando o momento, isso é um fato”, completa.
Segundo Faria, a ausência da ministra, que ocorre em um período crucial para enfrentar os incêndios e as questões climáticas, deixa o Brasil sem uma liderança de peso no combate a esses problemas urgentes.
Faria também mencionou que Marina enfrenta resistência significativa em diversos setores do Congresso Nacional. Assim, o que pode estar contribuindo para sua falta de visibilidade e ação em um cenário climático desafiador.
“Aqui também [em Brasília]. O Congresso tem uma certa resistência à Marina, o centrão especialmente. O centrão não gosta da Marina. A Marina tem resistência do centrão, do agronegócio, da bancada ruralista e da bancada da bala. Ela sofre várias resistências e é compreensível isso”, comenta.
“Mas também são essas resistências que fizeram a Marina um mito. Ela é um mito na área das pessoas que defendem o meio ambiente, dos ecologistas. No entanto, ela não está exercendo essa liderança com a força que deveria estar. Ela está sumida, infelizmente.”