- A Polícia Federal investiga o Atualbank, uma empresa que se apresenta como banco, mas que usa documentos falsificados para garantir seu capital social bilionário
- À frente do Atualbank está Fernando Nascimento Silva Neto, ex-procurador de José Dirceu, que se apresenta como CEO desde 2024, apesar de ter envolvimento desde 2018
- O banco alegou ter uma Letra de Crédito do Tesouro Nacional (LCTN) da “Série Z” como garantia de seu capital, mas o Tesouro Nacional afirmou que o documento é falso
- A empresa registrou nomes de “laranjas”, como o de Cristiano dos Santos Cordeiro Velasco, um eletricista que emprestou seu nome em troca de uma promessa de pagamento
- Walter Dias Magalhães Junior, condenado por estelionato, seria uma das figuras chave por trás da operação do Atualbank, sendo removido do site da empresa após a investigação ganhar destaque
A Polícia Federal (PF) está investigando o funcionamento do Atualbank, uma empresa que se apresenta como banco em Brasília, mas que, segundo investigações, opera com documentos falsificados como lastro do capital social.
À frente do negócio está Fernando Nascimento Silva Neto, ex-procurador do ex-ministro José Dirceu (PT), que também ocupa a presidência da companhia desde 2024. O Atualbank, que afirma ter um capital bilionário, foi acusado de usar uma suposta Letra de Crédito do Tesouro Nacional (LCTN) da “Série Z. Portanto, um título inexistente, “para respaldar sua atividade financeira”.
O Tesouro Nacional informou que o documento apresentado pelo Atualbank como garantia é falso e encaminhou a utilização dele para investigação pela Polícia Federal. A empresa alegou que o documento nunca foi utilizado, mas o uso de um título falso para garantir um capital de R$ 8,5 bilhões levantou suspeitas sobre a legitimidade da operação.
Consultoria financeira e administração de cartões
Além de operar sem autorização do Banco Central, o Atualbank se apresenta como uma empresa de consultoria em diversos setores financeiros. Assim, como administração de cartões de crédito e correspondentes de instituições financeiras. A empresa foi constituída de maneira atípica, com o uso de “laranjas” em sua constituição. Cristiano dos Santos Cordeiro Velasco, um eletricista de Búzios, foi o proprietário nominal da companhia. Enquanto, Fernando Neto assumia publicamente o comando. Velasco, por sua vez, admitiu que emprestou seu nome a um grupo, em troca de uma promessa de compensação financeira.
A investigação revela ainda a possível ligação de Walter Dias Magalhães Junior. Um estelionatário condenado no Mato Grosso e investigado por outros crimes, com a operação do Atualbank. Ele era apresentado como “conselheiro administrativo” da empresa. Portanto, seu nome foi retirado do site oficial da companhia após a repercussão da investigação. Walter, conhecido pelo nome de Walter Tiburtino, é uma figura central no esquema, segundo fontes próximas ao caso.
Fernando Neto, que trabalhou como procurador de José Dirceu durante cerca de cinco anos, passou a se apresentar como um influente membro do PT em Brasília. Ele intermediou várias negociações políticas e recebeu a nomeação de “assessor especial” do ex-ministro. Isso após obter uma procuração que lhe concedia amplos poderes.
Neto também se envolveu em diversas movimentações financeiras e empresariais em Brasília. Assim, aproveitando seu status político para ascender no mundo dos negócios. Em 2024, ele assumiu formalmente o controle do Atualbank. E, já afirmara publicamente que fez parte da “montagem” da empresa desde 2018.
Sem vínculo ao BC
A operação do Atualbank tem gerado controvérsias. A empresa conseguiu, portanto, se vincular ao setor financeiro sem jamais ter sido registrada como banco junto ao Banco Central, o que gerou os principais questionamentos. Além disso, o uso de documentos falsificados e a participação de figuras com antecedentes criminais levantam sérias dúvidas. Dessa forma, sobre a legalidade e a ética das operações da empresa. A Polícia Federal, por meio de um procedimento sigiloso, está apurando todos os detalhes e possíveis ramificações do esquema.
Embora a investigação ainda esteja em andamento, o caso expõe uma rede de relações que envolve políticos, figuras do setor financeiro e indivíduos com histórico de crimes. Assim, todos aparentemente conectados na criação e operação de uma instituição financeira sem qualquer autorização regulatória. A continuidade das investigações poderá trazer à tona novos detalhes sobre o envolvimento de outros indivíduos. E, ainda, ampliar a compreensão sobre o modus operandi do Atualbank e seus responsáveis.