O dólar encerrou o pregão desta sexta-feira cotado a R$ 5,87, representando o segundo maior valor nominal da história da moeda no Brasil. O recorde permanece com os R$ 5,90 registrados em 13 de maio de 2020, durante a pandemia de Covid-19. A cotação reflete uma alta de 1,53% no dia e um avanço de 2,9% na semana, consolidando o cenário de instabilidade cambial que persiste ao longo do ano.
O mercado tem reagido a uma combinação de fatores internos e externos. No plano doméstico, a demora do governo em anunciar medidas concretas de ajuste fiscal tem gerado incertezas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, busca tranquilizar investidores, mas a falta de clareza sobre cortes de gastos públicos intensifica a volatilidade.
No plano internacional, a escalada de tensões geopolíticas, especialmente envolvendo Rússia e Ucrânia, também contribui para a valorização do dólar. A instabilidade global aumenta a procura pela moeda norte-americana como ativo de proteção.
Números do ano
Desde o início de 2024, o dólar acumula alta de 19,12%. Apenas em outubro, a valorização foi de 6,13%, reforçando a tendência de alta contínua. Desde março, a moeda não fecha abaixo de R$ 5, mantendo-se em patamares elevados há 218 dias consecutivos.
Além disso, a inflação norte-americana e a política monetária do Federal Reserve (Fed) também impactam o câmbio. A expectativa de manutenção de juros altos nos Estados Unidos reduz a atratividade de investimentos em países emergentes como o Brasil.
Impactos econômicos
A valorização do dólar tem efeitos diretos sobre a economia brasileira. O aumento nos custos de importação pressiona a inflação, especialmente em setores dependentes de insumos estrangeiros, como a indústria química e de tecnologia. Por outro lado, os exportadores podem se beneficiar com maior competitividade no mercado internacional.
Para o consumidor, a alta do dólar pode resultar em preços mais elevados para itens importados, como combustíveis e produtos eletrônicos. Especialistas alertam que a instabilidade cambial também dificulta a previsibilidade para investimentos e o planejamento de negócios.
O governo trabalha para conter as pressões sobre o câmbio e acalmar os mercados. Haddad enfatizou que o pacote de medidas fiscais será “estruturante” e visa reduzir a percepção de risco em relação às contas públicas. No entanto, economistas apontam que a recuperação da confiança do mercado depende de ações concretas e de longo prazo.