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Ibovespa cai com incertezas fiscais e impactos da China

Mercados globais, inflação nos EUA e oscilação fiscal brasileira: os fatores que dominam a semana nos mercados financeiros.

ibovespa mercados b3 min
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O Ibovespa iniciou a segunda-feira (11) com queda de 0,15%, marcando 128.685 pontos às 9h07 (horário de Brasília). O movimento de desvalorização contrastou com os desempenhos positivos das bolsas dos Estados Unidos e da Europa, que operaram em alta devido à recuperação de alguns setores globais. A ocorrência negativa do índice brasileiro reflete um cenário de incertezas, com investidores atentos a uma série de eventos importantes programados para uma semana, incluindo dados econômicos dos EUA e os balanços corporativos no Brasil.

O desempenho negativo do Ibovespa é parcialmente explicado pela ocorrência dos investidores ao pacote de estímulos anunciados pela China. Apesar das expectativas de um impulso econômico, o governo chinês não apresentou medidas suficientes para reverter o enfraquecimento de sua economia, o que gerou frustração nos mercados globais.

O impacto dessa incerteza externa é notável no mercado local, onde o tom cauteloso é predominante. Além disso, o dólar, que teve um nível alto no início do dia, também reflete o recebimento com a volatilidade global, cotado a R$ 5,55 no momento da abertura do mercado.

Expectativa pelo pacote fiscal do governo

No cenário doméstico, a falta de um pacote fiscal robusto por parte do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém os investidores em compasso de esperança. O governo tem enfrentado dificuldades para alinhar um conjunto de medidas fiscais que atraem a confiança necessária para intervenções na economia. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, retornou a Brasília nesta segunda-feira para tentar destravar as negociações com o Congresso Nacional. No entanto, ainda não há uma previsão concreta para o anúncio das medidas, o que adiciona mais incertezas.

Projeções econômicas mais negativas para 2024

O Relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central, trouxe revisões nas projeções econômicas para o Brasil em 2024. O relatório apontou uma elevação na estimativa para o dólar, que passou de R$ 5,50 para R$ 5,55 até o final do ano. Além disso, as variações para a inflação e o Produto Interno Bruto (PIB) também foram ajustadas para baixo, refletindo a combinação de desafios internos e externos que começam a impactar a economia brasileira.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal indicador da inflação, foi revisado para 5,6%, um aumento em relação à projeção anterior de 5,4%. A estimativa para o crescimento do PIB também foi reduzida de 1,2% para 0,9%. Esses dados mostram que as expectativas para a economia brasileira em 2024 são mais cautelosas, o que corroboram o clima de incerteza no mercado.

O que esperar para os próximos dias?

Com a volatilidade externa causada pela falta de medidas mais eficazes por parte da China, e a persistente incerteza interna relacionada ao pacote fiscal do governo, o Ibovespa e outros ativos brasileiros devem continuar a operar sob pressão. As expectativas para o desempenho do índice nos próximos dias estão relacionadas ao andamento das negociações políticas no Brasil, aos resultados das empresas que divulgam seus balanços e aos dados econômicos que serão divulgados, especialmente nos Estados Unidos.

Em entrevista ao Valor Econômico , o analista da corretora ModalMais, Rafael Gomes, afirmou: “Os investidores devem manter cautela enquanto aguardam sinais mais claros do governo e do mercado externo. Com a agenda cheia, as próximas movimentações nos mercados dependem dos dados econômicos que serão divulgados ao longo da semana.”

Com a expectativa de mais volatilidade nos próximos dias, o cenário de incerteza persistir, e o desempenho do Ibovespa poderá seguir em diversas variações, dependendo dos desdobramentos internos e externos.