A JBS, gigante do setor de proteína animal, e o Governo da Nigéria anunciaram hoje a assinatura de um memorando de entendimento para a construção de plantas industriais no país africano, com um investimento estimado de US$ 2,5 bilhões ao longo dos próximos cinco anos. O acordo tem o potencial de transformar a economia nigeriana, marcada pela escassez de grandes players no setor agroindustrial.
De acordo com informações exclusivas do jornalista Pedro Arbex, do BrazilJournal, o entendimento foi firmado entre a JBS e autoridades nigerianas durante uma cerimônia oficial. A previsão é que a JBS, com sede no Brasil, detenha 55% do controle do projeto, enquanto o restante será dividido entre o Governo da Nigéria e investidores locais, que ainda não foram identificados.
Investimentos de longo prazo
Com o acordo, o Governo nigeriano se comprometeu a financiar a construção das plantas por meio de agências de desenvolvimento locais, com recursos direcionados para a infraestrutura e capacitação necessárias para o sucesso do empreendimento. Este movimento ocorre em um momento crucial para a Nigéria, que possui uma população de aproximadamente 250 milhões de pessoas – número que deve ultrapassar 400 milhões até 2050, de acordo com estimativas da ONU, posicionando o país como o terceiro mais populoso do mundo, atrás apenas da Índia e da China.
Objetivo: segurança alimentar e transformação do agronegócio
O projeto surge como parte de uma iniciativa estratégica do presidente nigeriano, Bola Tinubu, para fortalecer a segurança alimentar do país, que atualmente carece de uma infraestrutura de agronegócio robusta. “A Nigéria não possui um setor industrial relevante no agronegócio; sua produção é, em grande parte, voltada para a subsistência. Precisamos de um modelo capaz de gerar empregos e melhorar a oferta de alimentos”, afirmou Tinubu em pronunciamento durante sua visita ao Brasil, onde participou do G20.
Tinubu, que contratou consultorias para estudar modelos agrícolas bem-sucedidos em outros países, identificou o Brasil como um exemplo crucial a ser seguido. Após reuniões com as principais empresas do setor, incluindo Marfrig e JBS, o Governo nigeriano se comprometeu a replicar o modelo brasileiro de produção e processamento de proteínas. A visita a fábricas das duas empresas brasileiras serviu como base para o desenho do projeto.
Plantas e expansão
O acordo prevê que a JBS será responsável pela construção e operação de seis plantas industriais na Nigéria: três para processamento de aves, duas para carne bovina e uma para suínos. As plantas serão projetadas de maneira a permitir expansões futuras, o que evidencia o planejamento de longo prazo para o desenvolvimento do setor. A empresa brasileira também se compromete a criar e operar as cadeias de suprimentos necessárias para abastecer essas unidades.
O Impacto econômico e as perspectivas de mercado
O impacto do projeto será significativo para a economia nigeriana. A criação de uma indústria de processamento de carnes ajudará a gerar milhares de empregos diretos e indiretos, além de contribuir para a diminuição da dependência do país de importações de alimentos. A Nigéria, que enfrenta desafios em sua economia e setor agrícola, busca com essa parceria não apenas garantir segurança alimentar, mas também uma posição estratégica no mercado global de proteínas.
Segundo analistas do setor, a JBS pode se tornar a líder do mercado nigeriano, caso o projeto seja implementado com sucesso.