- Javier Milei reduziu a inflação e eliminou o déficit fiscal em seu primeiro ano de governo, trazendo alívio à economia argentina e recuperação dos títulos públicos
- A recuperação econômica ainda é frágil. A pobreza permanece alta, e Milei precisa atrair investimentos estrangeiros e negociar um novo acordo com o FMI para sustentar o crescimento
- Milei reforça laços com Donald Trump e busca apoio internacional para ampliar financiamentos e fortalecer a confiança dos investidores na Argentina
O presidente argentino Javier Milei, empossado há quase um ano, tem atraído atenção internacional tanto por suas políticas econômicas ousadas quanto por sua postura libertária. Sua gestão tem sido marcada por mudanças significativas, incluindo uma redução notável na inflação e a eliminação do déficit fiscal — medidas que agradaram investidores e trouxeram certo alívio à economia do país. Contudo, desafios importantes permanecem, como a pobreza generalizada e a recuperação econômica sustentável.
Recentemente, Milei ganhou destaque em um evento realizado em Mar-a-Lago, Estados Unidos, onde comemorou a eleição de Donald Trump, seu aliado político. Durante um discurso de 15 minutos, Milei exaltou sua vitória contra o que chamou de “classe dominante socialista” e reafirmou seu compromisso com a liberdade. Essa celebração reflete o bom momento político vivido por Milei, que conta com o apoio de investidores internacionais e busca fortalecer laços diplomáticos com a Casa Branca para garantir apoio externo.
Conquistas econômicas em um contexto desafiador
A inflação, que chegou a um pico de quase 300% ao ano, agora apresenta uma trajetória de queda, um feito que Milei havia prometido durante sua campanha. Além disso, um déficit orçamentário de longa data foi convertido em superávit, e os títulos do governo, antes próximos da inadimplência, têm se recuperado. Apesar desses avanços, a economia argentina deve encerrar 2024 com retração, evidenciando que a recuperação econômica ainda é frágil.
Especialistas destacam que os resultados alcançados até agora eram impensáveis há um ano. Miguel Kiguel, economista e ex-subsecretário de finanças da Argentina, classificou o cenário atual como um “sonho” que parecia inalcançável no início da gestão de Milei.
O papel do FMI e o desafio dos investimentos
Para sustentar as conquistas econômicas e promover um crescimento duradouro, Milei enfrenta dois desafios cruciais: negociar um novo programa de empréstimos com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e atrair uma onda de investimentos estrangeiros. Dentro de sua equipe, há esperança de que a eventual reeleição de Trump facilite um acordo com o FMI, renovando e possivelmente ampliando o atual programa de empréstimos de US$ 44 bilhões. Sem esse apoio, será difícil flexibilizar as rígidas restrições cambiais que ainda inibem o fluxo de capitais no país.
Enquanto isso, os argentinos têm mostrado paciência com as medidas de austeridade fiscal implementadas por Milei, mas sinais de cansaço começam a surgir. Pesquisas indicam que a população está sentindo os impactos financeiros das políticas de ajuste, o que pode influenciar a percepção sobre o governo nos próximos meses.
A perspectiva de crescimento
Apesar de algumas indicações de recuperação, especialistas alertam que o crescimento econômico real só ocorrerá quando os investidores decidirem alocar recursos de forma consistente na Argentina. Eduardo Levy Yeyati, consultor econômico chefe do Adcap Grupo Financiero, ressalta que, embora a economia possa apresentar uma leve recuperação, ainda não há sinais de confiança plena por parte dos investidores internacionais.