A Petrobras (PETR4) está negociando com grandes produtores de etanol no Brasil para estabelecer uma joint venture no setor de biocombustíveis. A informação foi confirmada pelo diretor executivo de Transição Energética e Sustentabilidade da empresa, Mauricio Tolmasquim, durante uma coletiva realizada nesta sexta-feira (22).
O movimento faz parte do novo plano de negócios da companhia, que abrange o período de 2025 a 2029, com foco no fortalecimento de sua atuação no mercado de energia renovável e biocombustíveis. Segundo Tolmasquim, a Petrobras pretende entrar no mercado de etanol já com uma operação robusta. “A ideia já é começar grande, não é partir do zero”, destacou o executivo.
A nova estratégia da Petrobras se alinha com a crescente demanda por biocombustíveis no Brasil, especialmente etanol produzido a partir do milho. O país já é um dos maiores produtores mundiais de etanol, com destaque para a produção a partir da cana-de-açúcar, mas a expansão da produção a partir do milho tem ganhado força nos últimos anos.
Tolmasquim revelou que a companhia está avaliando duas rotas principais para sua entrada no mercado: a cana-de-açúcar e, especialmente, o milho, que tem mostrado um crescimento acelerado na produção de etanol. “O etanol de milho vem crescendo no país e se mostra uma alternativa muito interessante”, afirmou. Segundo o executivo, a produção de etanol a partir do milho tem sido uma das apostas para atender a demanda interna e também ampliar as exportações brasileiras.
Com o avanço das discussões, a criação da joint venture pode ser uma forma da Petrobras se inserir rapidamente no mercado. “Basta a gente chegar a um acordo estratégico, firmar esse acordo e criar a nova empresa, e aí você passa a ter no portfólio da Petrobras um ativo importante em etanol”, disse Tolmasquim, enfatizando que a companhia já tem recursos e expertise para expandir rapidamente no setor.
A entrada da Petrobras no mercado de etanol se dá em um contexto de crescente competição entre a gasolina e o biocombustível. Nos últimos anos, o etanol tem ganhado força como alternativa à gasolina devido ao seu caráter renovável e menor impacto ambiental. Além disso, o mercado de biocombustíveis tem se tornado cada vez mais competitivo, impulsionado pelas políticas públicas que incentivam a sustentabilidade e a transição energética.
Além de sua aposta no etanol, a Petrobras também está avaliando outros segmentos de energia renovável em seu novo plano de negócios. A empresa está investindo em projetos de geração de energia renovável, como eólica e solar, e também em bioprodutos como biodiesel e biometano. A Petrobras também está apostando em tecnologias de hidrogênio de baixo carbono e captura de carbono (CCUS), como parte de seu compromisso com a transição energética e a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Perspectivas para o mercado de etanol no Brasil
O mercado de etanol no Brasil segue em crescimento, impulsionado pela demanda interna e pelo aumento das exportações. O país é o maior produtor e exportador mundial de etanol produzido a partir da cana-de-açúcar, com projeções de crescimento contínuo nos próximos anos. Em 2023, a produção de etanol no Brasil alcançou 30,5 bilhões de litros, de acordo com dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), e a tendência é que esse volume aumente à medida que a produção de etanol a partir do milho se expanda.
A entrada da Petrobras nesse mercado reflete a tendência crescente do setor de biocombustíveis no Brasil, além de reforçar o compromisso da companhia com a diversificação de suas fontes de energia e a redução da pegada de carbono. Com a criação de uma joint venture, a Petrobras poderá atuar de forma mais competitiva nesse setor e consolidar sua presença no mercado de etanol, que tem demonstrado grande potencial de crescimento nos próximos anos.
A expectativa agora é que, com a firmação de acordos estratégicos, a Petrobras possa iniciar suas operações no mercado de etanol em breve, com um portfólio robusto de ativos, consolidando sua posição como um dos principais players no segmento de biocombustíveis no Brasil.