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PSOL comemora apagão em SP: "Santo apagão"

PSOL comemora apagão em SP por motivos políticos, mas campanha de Boulos nega o texto que sugere vantagem eleitoral.

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Uma análise interna feita por um integrante do PSOL, partido do candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, gerou grande polêmica ao se referir ao recente apagão que atingiu milhares de imóveis na cidade como um “evento favorável” para a campanha do candidato. O documento, intitulado “Santo apagão”, sugere que o blecaute, causado pelo forte temporal que ocorreu na sexta-feira (11/10), ajudou Boulos a reduzir a vantagem do atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), nas pesquisas eleitorais.

O texto, obtido pelo Metrópoles, descreve que o apagão “levou a campanha a um novo patamar”, aproveitando a insatisfação popular com a demora na restauração da energia elétrica em várias regiões de São Paulo. A análise também faz uma previsão de que, passada a comoção inicial, a queda de Nunes nas pesquisas poderia perder força. Mais controverso, o documento vai além ao afirmar que “uma nova chuva com ventos fortes seria bem-vinda”, indicando que novos episódios climáticos poderiam continuar impactando negativamente a imagem de Nunes.

Impacto eleitoral do apagão

De acordo com a análise, o apagão expôs falhas na administração de Nunes, principalmente na poda de árvores e na falta de medidas eficazes de prevenção contra tempestades. O atraso no restabelecimento da energia teria aumentado a avaliação negativa da gestão, permitindo que Boulos capitalizasse politicamente o descontentamento da população.

O documento foi enviado para membros da campanha do PSOL por um integrante responsável por análises de dados e pesquisas internas. Embora o nome do autor não tenha sido divulgado, a mensagem contém observações sobre os números mais recentes do tracking interno, apontando um possível ganho de Boulos com o evento climático.

Reações da campanha de Boulos

A equipe de Guilherme Boulos rapidamente reagiu à divulgação do texto, negando a autoria e afirmando que o conteúdo não reflete a postura oficial da campanha. Em nota, a campanha afirmou que “jamais verá como vantagem a crise que atingiu de maneira cruel a cidade de São Paulo”, e que o bem-estar da população é a prioridade.

A coordenação da campanha também esclareceu que o responsável pelas análises eleitorais e trackings internos é Juliano Medeiros, ex-presidente nacional do PSOL, e que o documento oficial apresentado por Medeiros na segunda-feira (14/10) continha apenas dados técnicos, sem os comentários polêmicos vistos no texto “Santo apagão”.

“A campanha de Guilherme Boulos não reconhece o conteúdo obtido pelo Metrópoles e é enfática ao afirmar que esse texto não é de autoria de Juliano Medeiros”, reforçou a nota da campanha, que se distanciou de qualquer comemoração relacionada à crise energética na cidade.

Condenação da campanha de Nunes

A campanha de Ricardo Nunes condenou o conteúdo do texto e classificou o episódio como uma “desumanidade”. Em nota, a equipe do prefeito declarou que explorar o apagão para ganho político é “indigno” e expôs o “extremismo” do PSOL.

O apagão, causado por fortes ventos de até 107 km/h e a queda de 389 árvores na cidade, deixou milhares de imóveis sem luz por dias. Mesmo com os esforços para restaurar o fornecimento de energia, 36 mil imóveis ainda estavam sem eletricidade na manhã de quinta-feira (17/10), cinco dias após o início da crise.

Nunes, que está em busca da reeleição, tem sido criticado pela lentidão na resposta ao evento climático, mas sua equipe defendeu os esforços da administração municipal e da Enel, responsável pela distribuição de energia, para solucionar o problema.

Exploração política da crise

A revelação do texto “Santo apagão” trouxe à tona a discussão sobre a exploração política de crises climáticas e desastres naturais. Boulos, que aparece atrás de Nunes nas pesquisas de intenção de voto, vinha utilizando o apagão para criticar a preparação insuficiente da cidade para lidar com tempestades e outras emergências. No entanto, a divulgação de que um membro de sua campanha teria visto a crise como uma oportunidade eleitoral gerou constrangimento e críticas.

A crise energética continua sendo um tema central na disputa eleitoral, com os dois candidatos buscando consolidar suas posições à medida que a cidade enfrenta os desafios da recuperação pós-apagão.

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