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Risco fiscal faz taxas do Tesouro dispararem

Brasil enfrenta crise fiscal e volatilidade no Tesouro Direto

Tesouro Direto cresce
Tesouro Direto cresce

O Brasil está diante de uma crise fiscal significativa, com a necessidade urgente de desarmar a “bomba fiscal” que ameaça a estabilidade econômica do país. Segundo Arminio Fraga, em sua coluna no Valor Econômico, o país precisa gerar um superávit primário que reduza o endividamento do governo e repensar as prioridades do gasto público.

Os indicadores econômicos são alarmantes: a relação dívida pública está em cerca de 80%, as taxas de juros reais (acima da inflação) que o governo paga em sua dívida de longo prazo estão em 7%, e as expectativas de mercado para a inflação estão acima de 5% a perder de vista.

O dólar, que na virada do ano passado estava abaixo de R$5, agora beira os R$5,80. Esses números refletem a gravidade da situação fiscal e a necessidade de ajustes urgentes.

Fraga destaca ainda que o Brasil precisa de dois ajustes relevantes: gerar um superávit primário que reduza o endividamento do governo e repensar as prioridades do gasto público

Sem esses ajustes, o país não terá condições de crescer e de lidar com emergências futuras. A meta apresentada pelo governo inclui um superávit primário de 1% do PIB no último ano do atual mandato presidencial, mas seu cumprimento parece pouco provável

Paralelamente, o mercado de títulos públicos do Tesouro Direto enfrenta uma volatilidade significativa. As taxas dos títulos atrelados à inflação (IPCA) e prefixados dispararam, refletindo a piora na percepção de risco doméstico e a trajetória dos juros futuros. Hoje (1), os papéis atrelados à inflação pagam até 6,93% ao ano de retorno real, enquanto os prefixados passam dos 13%

A alta das taxas de juros dos títulos públicos é uma resposta às incertezas econômicas e fiscais. Quando as taxas sobem, o valor de mercado dos papéis diminui, o que implica em perda temporária para quem possui os títulos na carteira.

Expectativas do Mercado

A leitura do mercado é de que não há senso de urgência para a adoção de medidas de redução das despesas, o que gera preocupação entre os participantes do mercado sobre a trajetória da dívida pública. A Secretaria do Tesouro Nacional suspendeu as negociações dos títulos prefixados e atrelados à inflação na manhã desta sexta-feira (1º) devido às disparadas nas taxas

O cenário fiscal do Brasil preocupa especialistas, que apontam para a necessidade de um ajuste fiscal convincente para reduzir os prêmios de risco na economia e estimular o investimento. O gasto do governo consolidado no Brasil subiu de 25% do PIB há 35 anos para cerca de 33% hoje, enquanto o investimento público caiu de um pico de 5% do PIB para menos de 2%.