Segundo dados do IBGE, o Brasil tem aproximadamente 81 milhões de solteiros. Atualmente, curtir a solteirice tem custado caro no país, ou melhor, está endividando os brasileiros, de acordo com a pesquisa realizada pelo Serasa do perfil e comportamento dos endividados. Foram entrevistados 5.225 pessoas, de forma online, através da base de endividados da instituição. Do total, 44% dos respondentes endividados se declaram solteiros, contra os 37% dos casados. Divorciados correspondem a 11% e viúvos 2%.
Entre os endividados desse grupo, 49% devem há mais de dois anos – 3% a mais que a média de 46% identificada pela pesquisa – e 36% têm contas atrasadas entre seis meses e dois anos. Já 37% têm certeza de que irão pagar as dívidas, outros 34% acreditam que vão conseguir quitar e, por fim, 6% já desistiram de pagar.
O principal motivo do endividamento é o desemprego (29%), nestes os mais impactados são mulheres (31%) e jovens até 30 anos (33%). Ainda com base na pesquisa, 12% assumem o endividamento por conta da redução na receita, 11% compraram no nome do titular e não pagou e 8% emprestou o nome e confirmam falta de controle dos gastos.
Fernando Lamounier, educador financeiro e diretor da Multimarcas Consórcios, explica que é perigoso emprestar nome ou cartão a terceiros.
“É necessário ter o controle dos gastos da sua linha de crédito, ao emprestar a um terceiro você perde esse limite e corre o risco de ter dívidas fora do seu orçamento, caso a pessoa não pague. Com isso, é importante evitar essa sitação”.
Se endividar para comer é o que tem acontecido com 87% da população brasileira, entre os que usam o cartão de crédito para compras de alimentos (65%) ou para despesas em fast foods e compras de alimentos por delivery como ifood, rappi, uber eats (22%). Outro dado alarmante da pesquisa é que 41% dos entrevistados se endividam com compras de remédios ou tratamentos médicos.
“É possível ser solteiro e ter estabilidade através do planejamento financeiro. Além de prevenir obstáculos e problemas, ajuda a evitar o endividamento através da reserva de emergência”, destaca o especialista.
Pelo segundo ano consecutivo cresce o número de dívidas com mais de um ano de atraso. Em 2021, era 67% o número de brasileiros nesta situação, 2022 foi de 71%. Ainda de acordo com a base de dados, 85% das dívidas por empréstimo de nome estão atrasadas há mais de um ano, 64% delas há mais de dois anos. Muitos brasileiros desconhecem as taxas de juros, os valores das dívidas e como são cobrados. 59% dos entrevistados não tem conhecimento de nenhuma destas informações.
“Deve-se ler atentamente os contratos, cláusulas de cartões de créditos e informativos da fatura, acompanhando assim as receitas e o mercado”, destaca Lamounier.
O especialista garante que é possível ter uma vida social sem entrar no vermelho. Veja algumas dicas, especialmente para os solteiros:
Analise suas finanças: Muitos brasileiros possuem o hábito de fazer rodízio de contas, ou seja, escolher qual dívida irá pagar no mês, o que acaba comprometendo o orçamento a longo prazo. Para que isso não ocorra é necessário mapear a renda total e organizar as despesas fixas e variáveis, dívidas e pagamentos. A análise inicial faz com que o consumidor visualize o panorama da sua realidade financeira.
Planeje suas despesas: Com o orçamento mapeado, o próximo passo é inserir em seu planejamento regras que ajudem a manter a organização. Uma delas é a 50, 30, 20, sendo 50% para gastos fixos, 30% gastos variáveis e 20% investimentos ou fundo de reserva, que visa priorizar as despesas mais importantes.
Faça uma reserva de emergência: Criar a reserva emergencial é fundamental para uma vida financeira equilibrada. A economia fornece tranquilidade psicológica, pois funciona como um seguro que pode ser utilizado para cobrir despesas inesperadas, principalmente em épocas de grandes gastos.
Evite parcelamentos: O uso do cartão de crédito é um meio de pagamento, frequentemente utilizado pelos brasileiros, no entanto este deve ser usado com cautela para que o acúmulo de parcelas não pesem o valor da fatura. Diante disso, é preferível que o consumidor realize compras à vista como uma forma de manter o orçamento organizado e evitar possíveis problemas no futuro.
Estabeleça metas: O estabelecimento de metas e objetivos ajudam a manter o planejamento financeiro anual ativo. Além disso, auxiliam no cotidiano e fazem com que o consumidor não realize gastos por impulsos.