O país governado por Nicolás Maduro foi um dos mais cotados para entrar no grupo.
A Venezuela apareceu entre os países mais votados na corrida para fazer parte do Brics, ainda que entre os candidatos latino-americanos a liderança seja de Cuba.
Segundo informações, o Brasil insiste que todas as decisões do grupo precisam ser tomadas por consenso, e o presidente Lula sinaliza um veto ao governo de Nicolás Maduro.
Ao contrário da lista recente, os novos países que ingressaram no ano passado no Brics — como Egito, Irã, Emirados Árabes e Etiópia — são membros plenos do bloco, com direito a voto. Arábia Saudita ainda não formalizou seu ingresso e a Argentina retirou sua adesão após o presidente Javier Milei assumir o governo.
De acordo com o presidente Lula, ao assumir a presidência do Brics no próximo ano, o Brasil pretende intensificar sua atuação em prol de um mundo multipolar e de relações internacionais menos assimétricas. Durante o discurso, Lula evitou abordar temas como democracia ou novos membros interessados no bloco, concentrando-se na agenda econômica e de desenvolvimento.
PT reconheceu vitória de ditador Maduro e expressa “solidariedade”
O Partido dos Trabalhadores (PT), durante reunião do Foro de São Paulo no México, assinou uma resolução em apoio ao regime de Nicolás Maduro na Venezuela, reconhecendo sua vitória eleitoral. A resolução foi formulada enquanto líderes da esquerda se reuniam para discutir temas regionais, paralelamente à posse da nova presidente mexicana, Claudia Sheinbaum.
A resolução critica fortemente líderes de centro e centro-direita na América Latina, como Daniel Noboa, Javier Milei e Luis Lacalle Pou, e faz duras críticas ao “imperialismo” dos Estados Unidos. Em contraste, o documento elogia a atuação de regimes liderados por China e Rússia, destacando suas iniciativas no “Sul Global”.
Defesa do regime venezuelano
No trecho que aborda a Venezuela, os partidos de esquerda que compõem o Foro apelam ao respeito pelas instituições democráticas do país e ao reconhecimento do resultado eleitoral que teria dado vitória a Maduro. O documento expressa solidariedade ao presidente venezuelano, alegando que as ações da extrema-direita minam as instituições do país e o direito à autodeterminação.
“Dadas as ações da extrema direita, torna-se imperativo que as nossas forças políticas apelem ao respeito pelas instituições democráticas da Venezuela e à autodeterminação do povo venezuelano em relação aos resultados eleitorais que deram a vitória ao Presidente Maduro”, diz o texto.
O Foro também saudou a realização do Congresso Mundial contra o Fascismo, evento que aconteceu em Caracas em setembro, destacando a importância da criação da Internacional Antifascista.
Eleições na Venezuela: controvérsias e rejeição internacional
As eleições venezuelanas ocorreram em 28 de julho e, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) e o Tribunal Supremo da Venezuela, Maduro foi declarado vencedor. No entanto, as atas que comprovariam a vitória nunca foram apresentadas publicamente.
Antes do pleito, a principal oponente de Maduro, María Corina Machado, foi impedida de concorrer por estar inelegível, segundo o regime. A substituta de Machado, Corina Yoris, também foi vetada, deixando o opositor Edmundo Gonzálezcomo principal candidato da oposição.
Instituições independentes como o Carter Center e a Associated Press analisaram documentos recolhidos pela oposição e afirmaram que González teria vencido a eleição. Por esse motivo, nenhum país democrático, exceto aqueles governados por políticos alinhados a Maduro, reconheceu o resultado eleitoral.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) também rejeitou o resultado divulgado pelo CNE, alegando sinais de manipulação na contagem dos votos para favorecer Maduro. Após as eleições, protestos tomaram conta do país, com mais de 1.500 pessoas detidas, incluindo adolescentes.
O apoio do PT ao regime de Maduro pode intensificar debates sobre a posição do partido e do governo brasileiro em relação à política latino-americana e seus impactos na imagem do Brasil no cenário internacional.