Criptomoedas

Ethereum registra pior desempenho em mais de dois anos

Ethereum enfrenta um mês difícil em agosto com queda de 22%, afetado por saídas de ETFs e baixa atividade na rede.

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O mês de agosto foi especialmente desafiador para o Ethereum, que registrou seu pior desempenho em mais de dois anos. A combinação de saídas significativas de fundos de índices negociados em bolsa (ETFs) e a baixa atividade na rede principal contribuíram para um cenário de mercado pessimista e uma queda expressiva no preço do ativo.

Em agosto, o Ethereum (ETH) caiu 22%, marcando seu pior mês desde junho de 2022, quando o colapso do ecossistema Terra fez o preço do ativo despencar 45%. Em comparação, o Bitcoin registrou uma queda mais modesta de 8% no mesmo período, enquanto o valor de mercado do restante das criptomoedas recuou 5%, de US$ 2,2 bilhões para US$ 2,1 bilhões. A expectativa dos analistas era de que o Ethereum tivesse um bom desempenho este ano, impulsionado pelo quarto halving do Bitcoin, aprovação de novos ETFs e uma possível redução das taxas de juros.

No entanto, a realidade tem sido diferente. Mesmo com as previsões otimistas, o Ethereum acumula um aumento modesto de apenas 7% no ano. O sentimento de mercado piorou em agosto, à medida que os ETFs falharam em atrair a demanda institucional esperada e a atividade migrou para redes de Camada 2 do Ethereum, como Arbitrum, Optimism e Base.

Dificuldades com ETFs e migração para Camadas 2

Luke Nolan, associado de pesquisa da CoinShares, destacou que as saídas de fundos dos ETFs de Ethereum foram um dos principais fatores para a queda acentuada do ativo em agosto. Segundo ele, investidores retiraram aproximadamente 50% dos fundos do Grayscale’s ETHE logo após a aprovação do ETF. As participações na rede caíram drasticamente, passando de US$ 8,6 bilhões para US$ 4,4 bilhões.

Nolan explicou que, embora os ETFs de Ethereum tenham começado com uma performance relativamente boa, a falta de novas entradas de capital acabou gerando decepção no mercado. Em 30 de agosto, por exemplo, não houve nenhuma entrada de capital em produtos de Ethereum, um sinal preocupante desde o lançamento do ETF em 23 de julho. No total, os ETFs de Ethereum registraram uma saída líquida de quase meio bilhão de dólares desde o seu lançamento, o que, segundo Nolan, reduziu significativamente o entusiasmo dos investidores.

Enquanto isso, a receita da rede Ethereum, obtida por meio de taxas de transação e execução de contratos inteligentes, caiu impressionantes 99% nos últimos seis meses. Esse declínio pode ser atribuído ao aumento da adoção de redes de Camada 2, que têm drenado volume, uso e capital da rede principal, oferecendo transações mais rápidas e baratas. Redes como Arbitrum, Optimism e Base têm atraído cada vez mais usuários, o que contribui para a redução da atividade na rede principal do Ethereum.

Sentimento negativo e comentários de Vitalik Buterin

Além das questões estruturais, comentários de Vitalik Buterin, cofundador do Ethereum, sobre a insustentabilidade das finanças descentralizadas (DeFi) também contribuíram para o sentimento negativo em torno do ativo. Adicionalmente, a venda de ETH pela Fundação Ethereum aumentou a pressão sobre o preço do ativo, reforçando a percepção de fraqueza no mercado.

Diante desse cenário, investidores estão preocupados com a possibilidade de que o Ethereum continue em queda nos próximos meses. Historicamente, setembro é um mês difícil para o ETH. Desde o “boom” das ICOs em 2017, o ativo registrou apenas um retorno médio positivo em setembro de 2019. Dados da Coinglass mostram que o retorno médio e mediano do Ethereum em setembro são de -6,8% e -12,6%, respectivamente, reforçando a tendência de baixa.

Esperança para o futuro?

Apesar do ambiente desafiador, alguns especialistas ainda veem uma possível recuperação para o Ethereum. André Dragosch, chefe de pesquisa da Bitwise na Europa, acredita que uma mudança no apetite por risco, possivelmente desencadeada por cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve, poderia reverter o mau desempenho do Ethereum. Dragosch sugere que um cenário macroeconômico mais favorável poderia restaurar a confiança dos investidores e atrair novos fluxos de capital para o mercado de criptomoedas.

No entanto, a cautela ainda predomina. Muitos participantes do mercado continuam céticos em relação a uma recuperação imediata do Ethereum, especialmente com o histórico desfavorável de desempenho em setembro. Para o ETH voltar a ganhar tração, será necessário um aumento significativo no apetite por risco e uma renovada confiança nos fundamentos da rede.

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