O mercado está colocando a RAIZ4 como um dos maiores IPOs (oferta pública inicial de ações) da bolsa de valores brasileira (B3), e também é o mais aguardado do ano. A companhia Raízen é uma joint venture entre a brasileira Cosan e a anglo-holandesa Shell — atuante nos setores de produção de combustíveis e energia.
Se concretizar o IPO, pode ser um dos maiores da B3.
O maior, até agora, é o da subsidiária do banco espanhol Santander, que levantou R$ 13,182 bilhões em 2009. A BB Seguridade, em 2013, e a Rede D’Or, em 2020, captaram R$ 11,4 bilhões cada uma.
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IPO da Raízen
A empresa brasileira de energia Raízen fez um comunicado informando que protocolou o pedido de registro para a realização de uma oferta inicial pública de ações (IPO).
No começo de junho, a joint venture entre o grupo brasileiro de infraestrutura Cosan (CSAN3) e a petroleira anglo-holandesa Shell havia divulgado a intenção de entrar com o pedido para o IPO. A empresa de biocombustíveis busca emplacar uma oferta 100% primária.
E inicialmente, serão 810.811.000 ações preferenciais, cuja faixa indicativa de preço ficou entre R$ 7,40 e R$ 9,60. Dessa forma, a precificação ocorrerá em 3 de agosto.
Como a oferta será primária, então todos os recursos serão encaminhados ao caixa da empresa, sem venda de participação dos sócios Cosan e Shell, que seguirão como controladores da empresa com 45% do negócio cada.
Em resumo, a companhia pretende utilizar os recursos líquidos para:
- Construção de novas plantas para expandir a produção de produtos Renováveis e capacidade de comercialização (80%);
- Investimentos em eficiência e produtividade nos parques de Bioenergia (5%);
- Investimentos em infraestrutura de armazenagem e logística para suportar o crescimento de volume comercializado de renováveis e açúcar (15%).
A ação da Raízen será listada no Nível 2 de governança da B3. O Nível 2 de governança da B3 permite a existência de ações preferenciais, enquanto o Novo Mercado permite a existência de ações ordinárias (3).
Além disso, o IPO será coordenado por BTG Pactual (Coordenador Líder), Citi, Bank of America, Credit Suisse, Bradesco BBI, J.P. Morgan, Santander Brasi, XP, HSBC, Safra e Scotiabank.
De acordo com o prospecto divulgado pela companhia, a Raízen pretende utilizar os recursos para a construção de novas plantas, investimentos em eficiências e por último investimentos em infraestrutura.
Sobre a Raízen
A Raízen foi constituída em 2011 como uma joint venture entre a Cosan, holding brasileira com atuação nos setores de energia, açúcar, etanol e logística, e a petroleira anglo-holandesa Shell.
A empresa atua em basicamente duas grandes áreas: produção de açúcar e etanol, tanto para consumo interno em combustíveis, como para uso na indústria e exportação; e distribuição de combustíveis no varejo, por meio dos postos com a bandeira Shell.
Além disso, ela controla e opera 26 parques de bioenergia concentrados na região Sudeste, onde produz a própria biomassa a partir da cana-de -açúcar e gerência “a maior operação agrícola do mundo com mais de 880 mil hectares de terras cultivadas”, até março de 2021.
A Raízen tem capacidade de moagem de 73 milhões de toneladas de cana, e no exercício social encerrado em 31 de março de 2021, processou 62 milhões de toneladas, produzindo 2,5 bilhões de litros de etanol (maior produção de etanol de cana do mundo) e gerando 2,0 TWh de eletricidade a partir do processo de cogeração da biomassa.
Segundo o documento do IPO, a Raízen é a maior empresa de etanol de cana e o maior produtor de açúcar do mundo, com mais de 11,7 bilhões de litros de álcool comercializados e uma produção de açúcar de 4,3 milhões de toneladas no exercício social encerrado em 31 de março de 2021.
Governança e composição acionária
Shell e Cosan são detentoras de fatias iguais da Raízen e assim permanecerão após o IPO. Hoje, cada uma é dona de 50% das ações ordinárias e preferenciais da joint venture.
Após a emissão das novas ações PN, suas participações no capital da empresa cairão para 45,92% para cada uma (44,64% se forem colocados os lotes adicionais).
Ou seja, as ações em circulação representarão apenas 8,17% do capital social (10,72% se forem colocados os lotes adicional e suplementar).
Além disso, o Nível 2 da governança da B3 tem as ações preferenciais têm garantido o seu direito de tag along de 100%.
Resultado da Raízen
Embora a Raízen esteja se destacando antes mesmo de sua entrada na bolsa é bom analisar os resultados da empresa.
Dessa forma, a receita operacional líquida da companhia, totalizou R$ 114,6 bilhões no terceiro trimestre de 2020.
Contudo, seu lucro líquido totalizou R$ 1,5 bilhão, um recuo de 35,4% em comparação ao exercício anterior. E o EBITDA ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 6,6 bilhões.
Segundo a companhia, os resultados foram influenciados pela queda nas vendas de etanol e gasolina e de combustíveis de aviação no ano passado.
Conclusão
De acordo com os relatórios gratuitos divulgados no mercado sobre o IPO da Raízen, o mercado enxerga a empresa com bons olhos. Além disso, uma opinião que se destacou foi que, assim como a Cosan, a empresa é muito bem gerida. E nos últimos anos, o grupo atingiu altos patamares de governança e boa relação com o mercado.
“A Cosan vem gerando muito valor, em todas as suas subsidiárias. É impressionante como os gestores são ótimos alocadores de capital e executores”, observa Edoardo Biancheri, gestor de renda variável na Garde Asset Management.
“A empresa está caminhando efetivamente no sentido da descarbonização. Está muito à frente de vários outros players, não apenas brasileiros, mas também do exterior”, diz Carolina Ujikawa, gestora da Mauá Capital.
Por fim, é importante destacar que o modelo de negócio da Raízen é para o longo prazo. Dessa forma, talvez não seja impactado rapidamente após o IPO.
O Guia do Investidor (GDI) apenas traz matérias informativas, que ressaltam a democratização da informação. Dessa forma, as publicações devem ser vistam como boletins de divulgação e não como uma recomendação de investimentos, ainda mais que não temos competência para tal ato.