Chegamos ao fim de mais um ano, e o mercado aproveita o encerramento de ciclos para calcular a rentabilidade no período. Neste ponto, os bons gestores realizam seus lucros, e os que tiveram dificuldades no trajeto, aproveitam para “recalcular a rota”.
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Renda fixa x Renda Variável
Primeiramente, é importante entender o comportamento da economia e como os ciclos se apresentam nos investimentos nos últimos anos. Afinal, se vamos retornar a renda fixa, precisamos de motivos para isso não é mesmo?
Assim, o primeiro comportamento que você precisa entender, é o da curva de juros nos últimos anos. Para os mais leigos do mercado financeiro, vou deixar bastante claro dois pontos: quando estamos falando de investimentos, as principais classes são: a Renda Fixa, e a Renda Variável.
Suponho que você, como leitor do Guia do Investidor, já está bastante familiarizado com ambos os termos, mas é sempre bom relembrar.
A Renda Variável, como o próprio nome indica, representa a categoria de investimentos suscetível a variações. O maior e mais claro exemplo disso é a bolsa de valores e suas ações, que se modificam diariamente. Por outro lado, temos também a Renda Fixa, que apresenta rentabilidade constante e pré-fixada.
Desse modo, fica claro a particularidade de cada uma das modalidades de investimentos. E é claro que cada investimento se enquadra melhor nos diferentes perfis de investidores.
No entanto, a diferença das modalidades de investimentos são bastante voláteis. Por isso, é errado dizer que a renda fixa é melhor que a variável, e vice-versa. Afinal, tudo isso depende do momento, e em como você faz a leitura da economia para alocar seus investimentos.
A Renda Fixa e a Selic
Quando estamos falando de momento, estamos falando do comportamento atual da economia. E bem, somente isso deixa bem claro que as variações acontecem.
Desse modo, antes de entrar na Renda Fixa, é importante compreender o movimento dos “momentos” da economia nos últimos anos. No entanto, para a nossa sorte, quando estamos falando de Renda fixa x Renda variável, existe uma ótima e clara explicação que expõe as principais movimentações dos investidores, a taxa Selic.
Afinal, os títulos de renda fixa, precisam ser pré-fixados com antecedência não é mesmo? Se não, não seriam de renda fixa. Desse modo, a “régua” geral dos títulos de renda-fixa, é a taxa Selic.
A taxa Selic, resumidamente, é a taxa básica de juros da economia. Ou seja, é a taxa de referência para os principais modelos de financiamento e rentabilidade da economia brasileira.
A Selic é o principal mecanismo para apontar a vencedora da disputa de Renda Variável x Renda Fixa. Afinal, a maior parte dos títulos de renda fixa, são pré-fixados nesta taxa. (Além de outros mecanismos de proteção, como a inflação).
Uma alta da Selic indica que a economia precisa de correção. E se o mercado está arisco, nada melhor do que se refugiar na renda fixa.
2023 será o ano da incerteza
Com a confirmação de Haddad no ministério da Fazenda, mudança na lei das estatais, e indicação de Mercadante para o BNDES, o premio de risco da renda fixa se elevou muito, com a perspectiva de uma politica fiscal mais desordenada.
Desta forma, os retornos dos ativos foram bastante negativos no período, com destaque para o índice IMAB5+, que representa os títulos indexados ao IPCA com vencimento acima de 5 anos, com queda de 2,37%. Já o CDI segue sendo um porto seguro, fechando com alta de 1,12%.
Fujam para as colinas
Olhando para a inflação, o IPCA avançou bem menos em novembro do que em outubro, 0,41% ante 0,59%. Esse resultado veio bem no piso das expectativas do mercado (mediana de 0,54% e teto de 0,65%, Broadcast). Nos últimos 12 meses, o IPCA passou de 6,47% para 5,90% e acumula alta de 5,13% no ano.
Já a atividade econômica continua dando sinais de arrefecimento, com o IBC-Br, proxy da atividade mensurada pelo Banco Central, teve queda de 0,05% ante o mês anterior.
Porém, o fator mais relevante no mercado local é a questão fiscal após as escolhas ministeriais do candidato eleito, e as primeiras indicações não são nada animadoras.
A equipe de transição já enviou ao Congresso uma proposta de PEC que eleva os gastos acima do teto (na forma como é atualmente definido) em R$ 145 bilhões, para os próximos 2 anos, e foi aprovado por maioria no Senado.
Se tal proposta for aprovada na câmara integralmente, em 2023 a relação dívida/PIB aumentará em 5 pontos porcentuais, e deverá atingir perto de 90% do PIB em 2026.
Estes gastos muito acima do teto elevariam consideravelmente a relação dívida/PIB. Em primeiro lugar, teremos um aumento do risco fiscal, o que significa um aumento da taxa de juros por eles demandada para financiar a dívida pública.
Neste cenário de desvalorização cambial, uma pressão adicional ocorre na taxa de inflação, que vai aumentar, como pudemos observar nas ultimas semanas, com a inflação implícita nos títulos subindo fortemente.
As melhores opções para a renda Fixa
Neste contexto, os analistas da Genial Investimentos revelam ao mercado suas opções favoritas em renda fixa para comprar em Dezembro e direcionar seus investimentos em 2023.
Indexados ao CDI
Os títulos indexados ao CDI continuam garantindo tranquilidade para absorver os choques no curto prazo, com possibilidade de aproveitar taxas ainda mais atrativas caso a percepção se deteriore.
Por ora, as projeções apresentadas indicam que essa classe se manterá atrativa também no ano de 2023, com uma inflação projetada pelo mercado na casa dos 5%, isso gera um ganho real de quase 9%, o que é extremamente relevante.
Títulos pré-fixados
Segundo os analistas o que permeia uma decisão de alocação nos títulos pré-fixados, é avaliar se a inflação que o mercado está projetando nos títulos públicos para os próximos anos, será mais baixa do que está precificado atualmente.
Além disso, é necessária alguma previsibilidade com relação a dinâmica de atividade e inflação. Com a grande piora na perspectiva na dinâmica de gastos públicos que serão adotados pelo próximo governo, alocar em títulos pré fixados perde atratividade, com isso, reduzimos a exposição a eles neste momento.
Indexados a inflação
Mantivemos nossa exposição em indexados a inflação, reflexo da melhora do cenário de carrego de IPCA e das taxas ainda elevadas como ponto de entrada. Como consequência da instabilidade com relação a politica econômica, mantivemos as durations até no máximo a NTN-B com vencimento em 2030.