As ações do Nubank (NUBR33) tiveram um pregão dos sonhos nesta quarta-feira (16). Afinal, as ações do roxinho, engataram um ciclo de alta nesta tarde, em um crescimento que bateu 25% em suas máximas.
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Mas o que explica estas altas, e ainda mais importante: é o momento de comprar as ações da Fintech?
O que explica a alta?
A primeiro vista, as ações da companhia engatam altas em resposta direta aos resultados operacionais apresentados na companhia no resultado 2T22.
O Nubank superou as expectativas em receita e número de clientes no segundo tri, ao mesmo tempo em que desacelerou a concessão de crédito e viu a inadimplência continuar sua escalada. Os investidores gostaram: a ação avançava 12% no início do pregão.
Em entrevista, o fundador e CEO David Vélez disseque este “talvez tenha sido o melhor trimestre da história do Nubank” por conta da expansão muito forte em diversas métricas.
O desempenho dos sonhos?
Neste sentido, a receita do Nu bateu novo recorde e ficou em US$ 1,2 bilhão, com alta de 230% na comparação anual. A receita média por cliente ativo (ARPAC) aumentou de US$ 4 para US$ 7,8 por cliente. O custo de serviço por cliente ativo ficou estável em US$ 0,80.
O Nu continuou uma máquina de atrair clientes: conquistou mais 5,7 milhões no trimestre e agora tem 65 milhões – mais de 80% deles, ativos, um percentual recorde.
Além disso, quase 35% da população adulta brasileira é cliente do Nubank. David disse que os números mostram que a estratégia ‘multiproduto’ está tendo êxito – além de conta corrente, empréstimo pessoal e cartão de crédito, o Nu está crescendo em seguros, investimentos e no atendimento a PMEs.
A margem financeira saiu de 6% para 9,7% em 12 meses.
“Estamos conseguindo repassar o aumento dos juros para os clientes e, como temos nosso próprio funding, aumentamos a margem financeira, o que é bastante importante nesse ambiente de juros altos,” disse o CEO.
A reprecificação do crédito pessoal também ajudou no crescimento da receita, já que o Nubank “reajustou e moderou” o crescimento da carteira de crédito pessoal, diante da “perspectiva de curto prazo mais incerta para a economia brasileira”.
O maior problema do Nubank
No entanto, analistas seguem apertando a tecla sobre o risco de crédito do Nubank, devido ao perfil de clientes, composto em sua maioria de PF de classe C, D e E, que traz mais riscos em comparação ao perfil corporativo de seus principais concorrentes: os grandes bancos.
No Bradesco BBI, o analista Gustavo Schroden está cauteloso com a sustentabilidade do crescimento do banco, especialmente porque a reprecificação de empréstimos deve pesar sobre a receita de clientes.
Para Eduardo Rosman, do BTG, a fotografia do trimestre ”ficou boa”, mas os NPLs deterioraram acima do esperado e acenderam uma luz amarela em relação à qualidade do crédito.
Rosman nota que o Nubank vale hoje na Bolsa US$ 21,5 bilhões – praticamente o mesmo que o Santander ou o Banco do Brasil; e quase 2x a XP – num momento em que os grandes bancos têm mais exposição relativa ao crédito corporativo, cuja inadimplência é menor que a da pessoa física.
“Assim, mesmo que o Nu continue a superar seus pares, ele também deverá ter a carteira mais afetada, devido ao seu mix”, escreveu o BTG.
Contudo o cenário ainda segue arriscado na visão do BTG: ainda que o valuation tenha ‘melhorado’ em relação ao IPO, o BTG disse que ele quase não deixa espaço para erro.
Já para o analista Domingos Falavina do JP Morgan, o Nubank pisou no freio, especialmente em empréstimo pessoal, o que vê como “uma sábia decisão a longo prazo”.
Mas o analista diz que a questão é como esse plano se encaixará nos modelos de investidores de crescimento/tecnologia, que podem ter expectativas de crescimento mais altas.