O Bradesco BBI atualizou as suas avaliações sobre o mercado de educação, considerando o cenário macroeconômico desafiador para este ano. Depois de dois duros anos, a ponto de muitos investidores jogarem a toalha quanto à tese de investimento, as empresas de educação estão com boas perspectivas para 2023, segundo o Bradesco BBI.
Mesmo com um cenário macroeconômico conturbado e a perspectiva de redução no número de matrículas, os analistas veem o setor com maior resiliência que no passado. E isso graças às apostas em cursos com tíquetes maiores, faculdades de perfil premium e em materiais e sistemas didáticos para educação infantil.
“Esses negócios são, sem dúvidas, mais resilientes, lucrativos e estão crescendo acima do ritmo visto no segmento de ensino superior regular, afetado nos últimos anos pelo fim do Fies, a situação macroeconômica, a competição e a mudança para o ensino a distância”.
Diz trecho do relatório assinado pelos analistas Márcio Osako e Caio Rocha.
Quem mais se beneficiou desse otimismo foi a Cogna, cuja recomendação para as ações subiu de venda para neutro. O preço-alvo recuou de R$ 2,70 para R$ 2,40 por questões relacionadas ao custo de capital. Segundo os analistas do Bradesco BBI, o desempenho em 2023 deve ser puxado pela Saber, diante da expectativa de expansão do Programa Nacional do Livro e Material Didático (PNLD) do governo federal.
A divisão de materiais didáticos representou cerca de 40% do Ebitda da Cogna no ano passado e eles projetam uma expansão de 43% da receita em 2023, após a contração de 50% esperada para 2022. Para 2023, o Bradesco BBI estima um aumento de 15% da receita da Cogna, depois do recuo de 4,5% em 2022, com recuperação de margens. O Ebitda ajustado, por sua vez, deve crescer 28%. Já a empresa favorita dos analistas no segmento de educação segue sendo a Ânima.
A recomendação permanece sendo de compra e o preço-alvo foi mantido em R$ 8. O foco em cursos de medicina e em graduações com tíquetes maiores fará com que a empresa registre um crescimento de 17% do Ebitda ajustado.
A Ânima também deve apurar um aumento de 8% da receita, um ganho de 1,8 ponto percentual de margem em 2023 e não deve ter queima de caixa, mesmo com a alavancagem elevada e a projeção de 13,2% ao ano para a Selic. Fora a parte operacional, outro bom é o fato de as ações serem negociadas a 5,8 vezes o EV/Ebitda, abaixo da média histórica de 8,2 vezes.
Segundo os analistas do Bradesco BBI, o valuation e as boas perspectivas operacionais pressupõem um potencial de valorização de 96% das ações. A Yduqs teve a recomendação mantida em compra, mas o preço-alvo caiu de R$ 17 para R$ 14. Os analistas avaliam que a empresa possui um valuation atrativo, com as ações mostrando um potencial de alta de 50%.
O sinal de alerta está na parte operacional. Mesmo com cursos de medicina e a marca premium Ibmec, cuja mensalidade começa em R$ 3 mil, a Yduqs deve apurar um crescimento de apenas 6% da receita líquida e de 5% do Ebitda ajustado, de acordo com o relatório. Os analistas afirmam que o ensino a distância, que foi um importante motor de crescimento nos últimos anos, registrou uma dura reversão na quantidade de matrículas em 2022 e deve continuar pesando.
“Essa mudança, combinada com a pressão sobre os tíquetes deve fazer com que o crescimento da receita de ensino a distância deva desacelerar, para 6,5% em 2022, da alta de 33% em 2021”, diz trecho do relatório. “Nós esperamos que esta tendência em ensino a distância permaneça em 2023, com crescimento de 4% da receita.”
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André Schneider é economista especialista em Investimentos da Warren, e também Colunista na CBN e convidado na Joven Pan News.
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