Após um ano do IPO, as ações da Mitre (MTRE3) acumulam uma queda de 30%, mesmo que seus resultados tenham sido fortes durante todo o período.
De acordo com os analistas da Ágora Investimentos, Bruno Mendonça e José Cataldo, os números apresentados pela companhia foram “sólidos”. Além disso, disseram que são “um cartão positivo de boas-vindas sólidas que tendem a aumentar a confiança do mercado nos ambiciosos planos de crescimento da Mitre”. Dessa forma, os analistas apontam o crescimento de 30,4% nos lançamentos, gerando um VGV (valor geral de vendas) de R$ 920 milhões. Houve também um crescimento de 31,6% nas vendas, que somou R$ 607 milhões.
Durante o quarto trimestre de 2020, o lucro líquido da Mitre saltou incríveis 329,3% ante o mesmo período do ano anterior. Quando olhamos 2020 como um todo, vemos um crescimento de 53,4% ante 2019, somando R$ 49,1 milhões de lucro líquido. Além disso, sua margem cresceu 10,3 pontos percentuais entre o 4T19/4T20 e 1,7 pontos percentuais entre 2019/2020.
Contudo, o setor o qual a Mitre está inserida é bastante interferida pelo cenário econômico, de crédito e juros. Portanto, com o recente aumento de 75 bps na Selic e a confirmação do Bacen que continuará a tendência de alta, a companhia será capaz de manter o desempenho?
De acordo com a Mitre, seu landbank soma R$ 5 bilhões em potencial VGV, crescendo 17,8% ante 2019.
“Esses números comprovam a excelência da Companhia na aquisição de terrenos, que, mesmo em trimestres com alto volume de lançamentos, foi capaz de repor e adicionar VGV potencial em landbank, para garantir seu crescimento sustentável para os próximos três anos, com áreas de alta qualidade…”
afirmou a Mitre no relatório de resultados.
Sobre as vendas
Durante o quarto trimestre de 2020, o índice de Vendas Sobre Oferta (VSO) ficou em 46,9%, ante 61,4% no 4T19. No ano ficou em 65,4%.
“As quedas de 14,5 p.p., trimestre contra trimestre, e 13,3 p.p., ano contra ano, são resultado do alto volume de lançamentos realizados pela Companhia nos últimos dois trimestres que aumentaram o estoque ofertado. Ainda assim, a velocidade de vendas da Companhia se mantém, se não a mais alta, uma das mais altas do mercado, o que demonstra a qualidade e assertividade dos projetos lançados pela Companhia.”
afirmou a Mitre.
Dessa forma, falando em estoques, a Mitre (MTRE3) finalizou 2020 com 743 unidades em estoque, totalizando R$ 408,2 milhões em VGV. 86% dessas unidades são de empreendimentos lançados ainda no segundo semestre de 2020. Além disso, apenas 9 unidades são de estoque pronto, somando somente R$ 4,8 milhões em VGV. Assim sendo, na imagem abaixo podemos ver um crescimento de 158,8% no estoque de 2019 para 2020. E, ademais, um crescimento de 58,4% entre o terceiro trimestre de 2020 e o final do ano.
Financeiro da Mitre
Portanto, com um desempenho operacional superior, é claro que o financeiro também teria que melhorar. Dessa forma, a Mitre viu sua receita operacional líquida saltar 26,8% trimestre/trimestre e 31,9% ano/ano, somando R$ 411,2 milhões em 2020.
“…em função do aumento no número de lançamentos, alto índice de velocidade de vendas e da manutenção da evolução das obras, que estão todas antecipadas.”
disse a Mitre.
Além disso, a companhia viu um crescimento de 12,4% trimestre/trimestre em seu EBITDA, somando R$ 13 milhões. Contudo, no ano houve uma queda de 14,1%, ficando em R$ 44,4 milhões. Assim sendo, seu lucro líquido no ano somou R$ 49 milhões. Por fim, vale destacar que seu ROAE (retorno sobre o patrimônio líquido médio) ficou em 9,2% em 2020. Portanto, caindo 5.258% ante 2019 – quando registrou 61,7%.
Valuation
Com os bons resultados e a queda acumulada de 15% desde fevereiro, os analistas olham com bons olhos para a Mitre. De acordo com Ágora, seus analistas vem “a avaliação do MTRE3 mais razoável em termos absolutos em 1,4x P/VPA (um VPA robusto em caixa)”. Contudo, afirma também que há outras construtoras mais interessantes que ela na bolsa.
“Em termos relativos, ainda favorecemos outros nomes como Trisul quando a vemos sendo negociada a 9,8x P/L contra 18,9x da Mitre, principalmente ajustado aos riscos inerentes embutidos em uma história de crescimento rápido.”
afirma a Ágora.
De acordo com o CEO da Mitre (MTRE3), Fabrício Mitre, em entrevista ao site Seu Dinheiro, as “ações não refletem o preço justo”, e afirmou que a companhia possui “grande espaço para crescer”.
Isto NÃO se trata de uma recomendação, pois apenas analistas certificados podem fazê-las.