No artigo de hoje vamos falar sobre as ações a menos de 1 real e ações abaixo de 1 real, que podem estar baratas ou caras, depende de uma análise fundamentalista.
No entanto, este parâmetro vai depender do método de análise utilizado pelo leitor. Neste sentido, a grande diferença entre barato e caro, está no preço e valor, que são coisas completamente diferentes uma da outra.
O valor de uma ação está baseado nos seus fundamentos, que definem parâmetros que podemos usar para compreender se o preço do papel está justo ou de acordo com o patrimônio e desempenho da companhia.
Uma vez compreendida a diferença entre preço e valor, o leitor pode também fazer a escolha de investir nestas ações com perspectivas de que elas retornem aos patamares mais altos iniciais, ou podem se voltar ao mercado especulativo. Independente do uso, está na hora de conhecer as ações da bolsa que, atualmente, estão menos ou bem próximas de R$ 1 real. Confira abaixo!
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Veja a ações a menos de 1 real
Neste artigo falaremos um pouco sobre as seguintes companhias listadas em Bolsa:
- Saraiva (SLED3, SLED4);
- Viver Incorporadora (VIVR3);
- Americanas (AMER3);
- Marisa (AMAR3);
- Méliuz (CASH3)
- Enjoei (ENJU3)
- OI (OIBR3)
1) Saraiva (SLED4): R$ 0,99
A primeira da lista de ações a menos de 1 real é a companhia Saraiva (SLED4), que durante muito tempo, até meados de 2017, foi uma empresa bem vista pelo mercado, inovadora e com desempenho excelente. Entretanto, no início de julho de 2020, homologou o seu plano de Recuperação Judicial, e apresenta forte prejuízo há anos. Acontece que, aparentemente, a empresa não conseguiu se adaptar bem aos novos moldes de e-commerce e demanda da era digital.
Neste sentido, a livraria foi uma das poucas empresas brasileiras a regredir sua receita por e-commerce durante a pandemia.
No terceiro trimestre de 2020, no segmento Receita e-commerce, reportou algumas quedas. Dentre elas está a diminuição em vendas brutas no site Saraiva.com. A diminuição alcança impressionantes 70,3% na relação comparativa ano a ano.
Já no segmento de lojas físicas, a receita bruta, no final de setembro, registrou R$ 27,0 milhões, ou forte queda de 75,4% na relação anualizada.
Ou seja, é possível perceber que a livraria vem passando por momentos complicados. Além disso, vem sendo negociada a -15x seu valor patrimonial. Ou seja, é um ativo altamente arriscado.
2) Viver Incorporadora (VIVR3): R$ 0,35
A Viver Incorporadora (VIVR3) é uma companhia do setor de construção civil e incorporação, que atua há mais de 29 anos. Está listada no segmento Novo mercado, e possui um tag along de 100% e seu free float é de 53,1%. Além disso, vale destacar que a companhia está em processo de recuperação judicial.
Ao observar apenas o resultado operacional da companhia, este pode ser realmente indesejável. Isto por falta apenas cerca de um mês do final do ano, e a Viver ainda não ter promovido nenhum lançamento em 2020. Neste sentido, segundo seu relatório trimestral do 3T20, o objetivo da empresa é preservar caixa.
A companhia do setor de construção vem sendo negociada a -0,70x seu valor patrimonial. Ou seja, pela ótica do P/VP, é a empresa mais arriscada desta lista, até o momento. Vale lembrar que há dez anos a companhia apresenta números em resultados comprometedores, só apresentando Lucro Bruto positivo no ano de 2011, e nem uma vez mais após isso, bem como nunca distribuiu proventos por todos estes anos.
3) Americanas (AMER3) R$1,09
A Americanas, com uma dívida declarada de R$ 43 bilhões, protocolou o pedido de recuperação judicial em janeiro deste ano, o que representa o quarto maior rombo do país. No fechamento do dia 18 de abril, os papéis AMER3 estavam sendo negociados próximo a R$ 1.
Além disso, a crise contábil enfrentada pela empresa a partir de 2020 resultou em resultados mais fracos e na queda dos papéis da varejista. Desde o início do escândalo, as ações sofreram uma queda de mais de 90%, acumulando um recuo de 95% nos últimos 12 meses.
Com a falta de dinheiro e a perda de moral no mercado, a loja viu um grande risco em não conseguir manter suas operações e, por isso, entrou com o pedido de recuperação judicial.
Mas pesar da forte queda nas ações da Americanas, não se pode dizer que elas estão baratas.
A empresa depende muito das atividades econômicas, como emprego, renda, inflação e juros baixos. Então, de acordo com os dados recentes da atividade econômica e do setor varejista, bem como as perspectivas macroeconômicas, é provável que os resultados da Americanas sejam fracos nos próximos trimestres.
4) Marisa (AMAR3) R$0,64
A Lojas Marisa também está na lista de varejistas com problemas financeiros, tendo uma dívida de R$ 600 milhões junto a bancos, segundo informações obtidas pelo Broadcast.
A empresa já enfrentava dificuldades financeiras anteriormente, tendo passado por um processo de reestruturação entre 2018 e 2019, e a pandemia agravou ainda mais a situação.
A empresa já enfrentava dificuldades financeiras antes, e passou por um processo de reestruturação entre 2018 e 2019. Ainda, a pandemia agravou mais a situação.
A desaceleração da economia e o aumento das taxas de juros nos últimos anos fizeram parte da queda dos resultados e o aumento da dívida da empresa. Embora a receita dela tenha ficado estável com um pequeno aumento de +1,6% no quarto trimestre de 2022, o Ebitda apresentou uma queda de -53% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Com a falta de liquidez e sem poder gerar caixa, a Marisa está passando por um processo de renegociação de dívidas e uma nova reestruturação.
Embora a empresa esteja enfrentando grandes desafios hoje, as perspectivas futuras também não são muito boas. Sua exposição a consumidores de média e baixa renda em meio a um cenário de desaceleração da economia tem um impacto na visibilidade dos resultados da empresa com ações AMAR3.
5) Méliuz (CASH3) R$0,84
A Méliuz é mais uma empresa de capital aberto que tem deixado os investidores preocupados. As ações CASH3 continuam em forte queda, sendo negociadas a R$ 0,84.
Em 2020, a Méliuz realizou seu IPO, acreditando que seu core business de cupons de desconto e cashback era altamente competitivo e com baixa barreira de entrada. A estratégia da empresa era transformar-se de uma empresa de cashback em uma plataforma completa de serviços financeiros, e em 2021, lançou a Bankly, um banco digital completo.
Mas, o que deveria ter sido um negócio inovador e que iria transformar a empresa acabou sendo um baque, já que a Méliuz entrou em um mercado muito competitivo. Os custos elevados para expandir sua plataforma de serviços financeiros geraram grande impacto nos resultados da empresa. Em 2022, a receita da companhia cresceu 40%, mas o Ebitda foi negativo em R$ 127 milhões.
Então, com a queima de caixa, a Méliuz precisou vender a Bankly e rever sua estratégia. Os resultados ruins e as dificuldades de sua estratégia refletiram-se nas ações da empresa, com uma queda de 54,37% no acumulado dos últimos 12 meses.
Embora tenha se livrado do peso da Bankly, as perspectivas para a Méliuz ainda são incertas. Agora, a empresa terá que mostrar sua capacidade de superar esse momento e começar a crescer e gerar valor.
6) Enjoei (ENJU3) R$1,23
A Enjoei é mais uma empresa que está sendo impactada pelo cenário macroeconômico atual, junto aos custos e despesas elevadas, que vêm afetando seus resultados. Não vale menos de R$1,00, mas está próximo.
Apesar do crescimento de 31% na receita no acumulado de 2022, as despesas elevadas pressionaram o Ebitda, que ficou negativo em R$ 76 milhões. Mesmo com melhorias operacionais e ganhos de margens, a empresa ainda está queimando caixa e as perspectivas futuras são desafiadoras.
Embora a Enjoei possua um caixa confortável e poucas dívidas, ao contrário das outras que mencionamos antes, a visibilidade futura em um cenário de inflação mais alta e economia fraca deve continuar influenciando.
7) Oi (OIBR3) R$1,02
A Oi, empresa de serviços de telecomunicações e uma das maiores da América do Sul no setor também apresenta problemas financeiros. Apesar do valor ser um pouquinho maior que 1 real, vale a pena comentar.
Recentemente, a Oi atualizou para R$ 44,3 bilhões o valor total de suas dívidas incluídas em seu segundo processo de recuperação judicial. Na primeira relação, divulgada em março, o valor era de R$ 43,7 bilhões.
Embora a Oi venha realizando um bom trabalho no quesito de operações, as margens mais baixas do seu novo core business de fibra óptica e as altas taxas de juros estão impactando os resultados da empresa e a visibilidade futura.
Logo, sendo incapaz de conciliar investimentos na expansão de fibra e o pagamento de suas dívidas, há grandes chances de que a Oi venha a vender parte ou a todas as suas ações da V.tal, empresa de estrutura de fibra na qual detém uma participação de 34%, para pagar parte de sua dívida.
A V.tal é muito importante para a Oi. Sem capacidade para manter sua participação na empresa e com dificuldade em recuperar seus resultados, o futuro da Oi não será tão bom.
A Oi não consegue manter suas operações, investir na expansão da fibra e honrar seus compromissos com credores, o que significa que a empresa está queimando muito caixa. A queda de -87,02% das ações nos últimos 12 meses mostra as dificuldades atuais e futuras enfrentadas.
Tabela – Relação de Ações de menos de 1 real
Empresa | Código | Setor | Preço da ação (R$) | Retorno em 12 meses | |
Saraiva | SLED4 | Outros | 0,99 | -82,73 | |
Viver Incorporadora | VIVR3 | Imóveis | 0,35 | -61,46 | |
Americanas | AMER3 | Comércio | 1,09 | -95,94 | |
Marisa | AMAR3 | Comércio | 0,64 | -75,74 | |
Méliuz | CASH3 | Software e dados | 0,84 | -54,37 | |
Enjoei | ENJU3 | Comércio | 1,23 | -55,66 | |
Oi | OIBR3 | Telecomunicações | 1,02 | -87,02 |
Atenção: Os dados acima podem estar desatualizados
Em suma, vale lembrar que, muitas vezes ações abaixo de 1 real podem sim, ser oportunidades de compra para os investidores.
Entretanto, em outros momentos, podem ser apenas empresas que realmente não conseguem mais sustentar seus perfis de negócios, ter bom desempenho ou apenas não possuem a confiança do mercado. Acontece que no mundo dos investimentos, a confiança do mercado é um dos fatores determinantes para perpetuação de uma companhia.
Por fim, este artigo visa trazer mais um conteúdo informativo aos leitores. O Guia do Investidor não promove recomendações de compra ou venda, mas sim, tem a missão de colaborar com o processo de aprendizado.
Conclusão
Ao investir em ações que custam menos de R$1,50, é bom ter em mente que esses ativos são considerados de baixo valor, e por isso, podem ser mais voláteis e arriscados do que outras opções disponíveis no mercado.
Embora possam oferecer a possibilidade de ganhos elevados em um curto espaço de tempo, essas ações também podem trazer grandes prejuízos, caso as empresas não sejam bem-sucedidas em seus negócios.
Por isso, antes de investir em ações de baixo valor, é fundamental fazer uma análise cuidadosa da empresa e do setor em que ela atua. É importante verificar se a empresa possui uma estrutura sólida e se está conseguindo gerar resultados positivos.
Além disso, é preciso ter em mente que investir em ações é uma atividade de longo prazo, que exige paciência e disciplina. Não é recomendável investir todo o seu capital em ações de baixo valor, pois isso pode colocar em risco o seu patrimônio.
Portanto, se quiser investir em uma dessas ações com valor abaixo de 1 real, saiba que elas podem oferecer a possibilidade de ganhos elevados, mas também pode ser mais arriscado. Por isso, é bom ter uma estratégia bem definida e realizar análises cuidadosas antes de investir.
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