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Americanas (AMER3) adia divulgação dos balanços trimestrais de 2023

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Em comunicado divulgado na segunda-feira (19), a Americanas anunciou o adiamento da divulgação dos resultados trimestrais do ano de 2023. A data foi remarcada para a próxima segunda-feira, 26, antes da abertura do mercado. Os balanços são referentes aos três primeiros trimestres do ano passado. Conforme a empresa, o trabalho de elaboração das ITRs/23 já está finalizado e os procedimentos de auditoria estão “substancialmente concluídos”. Em justificativa aos investidores para o atraso na divulgação dos balanços, a empresa alega que ainda não foi possível cumprir todo o rito interno de aprovação previsto na governança da Companhia.

É a terceira vez que a varejista adia a publicação dos relatórios financeiros de 2023. O primeiro adiamento foi em dezembro do ano passado para janeiro deste ano e depois, para o dia 19 de fevereiro.

Recuperação Judicial

Em dezembro de 2023, o plano de recuperação judicial da Americanas foi aprovado pelos credores. Foi previsto uma capitalização avaliada em R$ 24 bilhões, contudo, o plano ainda precisa ser aprovado pela Justiça do Rio de Janeiro. A varejista entrou em recuperação judicial no início do ano passado no caso que ficou conhecido como uma das maiores fraudes da história corporativa do Brasil. No dia 11 de janeiro de 2023, um fato relevante expôs uma ‘inconsistência’ contábil no valor de R$ 20 bilhões. Uma semana após o anúncio da grave situação, a Americanas protocolou o pedido de Recuperação Judicial. Ao todo, a empresa possui dívida de R$ 41,2 bilhões a 7.967 credores, dentre eles os bancos: Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e BTG Pactual.  

Reputação abalada: recuperação ou falência?

Figuras como Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Carlos Telles, ícones do capitalismo brasileiro, viram suas reputações questionadas e se viram na obrigação de salvar o que restava da companhia.

Sob intensa pressão dos bancos, a Americanas foi forçada a pedir recuperação judicial. Isso desencadeou um processo de reestruturação, incluindo o fechamento de lojas e demissões – 121 unidades fechadas e mais de 5 mil funcionários demitidos de janeiro a outubro. Paralelamente, houve uma queda de 7 milhões no fluxo de clientes em dezembro, comparado ao mesmo período de 2022.

Quanto à possibilidade de falência, especialistas cogitaram essa hipótese quando o rombo foi divulgado. Contudo, a injeção de R$ 12 bilhões por parte dos acionistas e mais R$ 12 bilhões de bancos trouxe um fôlego temporário. Como aponta Max Mustrangi, da Excellance, essa injeção de caixa é crucial, mas não garante que a empresa não enfrente dificuldades futuras.

Wagner Moraes, economista e CEO da A&S Partners, observa que, um ano após o início da crise, há sinais de estabilização, mas a recuperação da empresa ainda é incerta e repleta de desafios. A aprovação do plano de reestruturação é positiva, mas a situação permanece delicada.

Roberto Gonzalez, especialista em governança corporativa, ressalta que houve transparência no processo de reestruturação. Caroline Sanchez, da Levante Corp, aponta para mudanças estruturais na operação da empresa. Já Phil Soares, da Órama, lembra que o setor varejista como um todo enfrenta desafios, inclusive empresas com finanças mais sólidas.

Agora, a Americanas precisa se reinventar e reestruturar sua marca e linha de produtos, possivelmente focando em itens de menor valor agregado. A companhia, em nota ao Money Times, afirma que 2024 marca o início de uma nova fase, com o objetivo de voltar a ser uma referência em varejo simples e que atende às necessidades das famílias brasileiras.

A aprovação da recuperação judicial é vista como um passo importante para a transformação estratégica e reconstrução operacional e financeira da empresa. A Americanas busca fortalecer seus negócios e construir uma nova cultura para seus colaboradores, focando na retomada do crescimento e na satisfação de todas as partes interessadas.

Enquanto 2024 se apresenta como um ano crucial para a Americanas, o mercado permanece atento ao desdobramento desta situação complexa, que serve como um importante estudo de caso no cenário corporativo brasileiro.

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