O presidente da Americanas (AMER3), Leonardo Coelho Pereira, afirmou que a fraude na varejista envolve pelo menos 30 pessoas, todas em processo de demissão, cuja conclusão estava prevista para quarta-feira. A declaração foi feita durante a CPI na Câmara que investiga os problemas contábeis da empresa. Coelho apresentou aos parlamentares parte das informações do relatório de um comitê independente encarregado de investigar o desfalque internamente. De acordo com ele, os documentos indicam a participação da antiga diretoria da empresa na fraude, que teria causado um prejuízo de R$ 42 bilhões. O comitê ainda não analisou todos os documentos disponíveis, nem o conteúdo da provável defesa dos acusados de fraude.
É improvável que os presidentes do Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11) sejam convocados pela CPI da Americanas
Dois deputados do PSOL solicitaram a convocação dos presidentes do Itaú e Santander para deporem na CPI da Americanas, após o presidente da varejista, Leonardo Pereira, revelar fraudes descobertas em investigações internas. Segundo a coluna de Lauro Jardim (O Globo), é improvável que Milton Maluhy Filho (Itaú) e Mari Opice Leão (Santander) sejam convocados. Um deputado mencionou que o lobby dos bancos é um dos mais fortes no Congresso e que levá-los para a comissão não será fácil. Durante seu depoimento na terça-feira, Pereira afirmou que os dois bancos teriam concordado em modificar cartas de circularização, o que teria servido para ocultar a real situação da varejista. No entanto, os bancos negaram essas alegações.
O Itaú Unibanco esclarece que as cartas de circularização, que são instrumento de apoio aos trabalhos de auditoria, até 2017 traziam o saldo integral das operações de antecipação contratadas por fornecedores, denominadas “risco sacado”.
A partir de 2018, após discussões de mercado, a carta de circularização foi restringida para refletir apenas as operações contratadas diretamente pela Americanas, com a exclusão do saldo das operações de antecipação contratadas por fornecedores. Por outro lado, como medida de transparência, foi adicionado o parágrafo que alertava para a realização de operações de antecipação de recebíveis emitidos contra a Americanas, permitindo que as empresas de auditoria conhecessem sua existência e questionassem sobre seu saldo, caso necessário. O Itaú reforça que a elaboração das demonstrações financeiras é responsabilidade exclusiva da companhia e de seus administradores. É leviano atribuir a terceiros a responsabilidade pela fraude, confessada ontem pela companhia ao mercado.