A inflação e os juros devem se manter em patamar elevado por mais tempo, diante das incertezas geradas pelo conflito na Europa. Essa é a principal conclusão do Grupo Consultivo Macroeconômico da ANBIMA (Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
A percepção é de que o Banco Central estava prestes a reduzir o ritmo de aumento dos juros — ou até mesmo declarar o fim do ciclo de alta — quando a guerra eclodiu. A atual conjuntura levou o grupo a revisar a taxa Selic de 2022 de 12,00% para 12,75%.
Em sua segunda reunião, o Copom (Comitê de Política Monetária, do Banco Central) deve elevar os juros para 11,75%, com alta de 1%.
Mais dois aumentos de 0,5% estão previstos nos encontros de maio e junho. Mas não há consenso em relação à taxa para o final de 2022: a mínima e a máxima da Selic para 2022 ficaram entre 10,75% e 13,75%, o que reflete o grau de incerteza dos economistas diante da nova conjuntura.
Inflação
Ainda que não exista clareza quanto aos desdobramentos e à duração do conflito entre Rússia e Ucrânia, a expectativa é de alta da inflação.
De imediato, a elevação dos preços das commodities, sobretudo o petróleo, foi o principal canal de contágio na economia brasileira e fez com que os economistas revisassem as projeções de inflação desse ano de 5,2% para 6,3%. Existem casas que estimam que o IPCA chegue a 7,0%, refletindo a deterioração das expectativas.
Câmbio
Em relação à projeção da taxa de câmbio para 2022, a revisão foi de R$ 5,60 para R$ 5,30, o que corresponde a uma apreciação do Real de 5% no ano. É a primeira vez que o grupo reduz a taxa de câmbio desde a reunião de julho de 2021.
A mudança foi motivada pela valorização de commodities da pauta exportadora brasileira no mercado internacional e pela recente entrada de recursos de investidores estrangeiros.