- Nos últimos meses, uma mudança significativa ocorreu nas práticas financeiras dos argentinos
- Em vez de guardar dólares em espécie, muitos começaram a depositar suas economias nos bancos
- Este movimento reflete um crescente voto de confiança no presidente Javier Milei e em seu programa de anistia fiscal
Nos últimos meses, uma mudança significativa ocorreu nas práticas financeiras dos argentinos: em vez de guardar dólares em espécie, muitos começaram a depositar suas economias nos bancos. Este movimento reflete um crescente voto de confiança no presidente Javier Milei e em seu programa de anistia fiscal.
Desde que Milei assumiu o cargo em 10 de dezembro, os depósitos em dólares nos bancos argentinos aumentaram em 40%, alcançando US$ 19,8 bilhões. Assim, o nível mais alto desde o final de 2019, conforme dados do Banco Central. Esse crescimento representa um acréscimo de US$ 5,7 bilhões, dos quais cerca de US$ 1,4 bilhão entrou após a implementação do programa de anistia fiscal. O programa entrou em vigor em 17 de julho.
O programa de anistia fiscal, que tem gerado grande interesse, já levou a abertura de aproximadamente 100.000 novas contas bancárias. As estimativas indicam que o programa poderá atrair pelo menos US$ 2 bilhões para o sistema financeiro. A lei, aprovada pelo Congresso como parte de um pacote mais amplo de reformas econômicas no final de junho, permite que indivíduos declarem até US$ 100.000 em dinheiro, anteriormente mantido fora do sistema financeiro, sem a necessidade de pagar impostos. No entanto, tributam-se economias acima desse limite em 5%, a menos que sejam investidas em títulos, imóveis ou outras exceções fiscais.
Declaração do dólar
Os argentinos têm até março de 2025 para declarar seus dólares sob o programa de anistia fiscal. Após esse período, qualquer valor excedente ao limite estipulado estará sujeito a impostos mais altos.
Apesar de os salários na Argentina serem pagos em pesos, a prática comum é manter contas de poupança denominadas em dólares americanos. O retorno dos dólares ao sistema financeiro é particularmente positivo para o país, que historicamente enfrentou crises cambiais devido à falta de reservas estrangeiras. Este movimento também aproxima Milei de uma de suas principais promessas de campanha: a dolarização da economia, embora essa meta ainda pareça distante no momento.
“A anistia acelerará o processo de livre concorrência, ou coexistência, de moedas”, disse o ministro da Economia, Luis Caputo. “Isso não é feito para fins de arrecadação de impostos.”
“Essa é uma oportunidade de custo muito baixo para as pessoas comprarem um carro, reformarem sua casa ou começarem a gerar retornos sobre os dólares que hoje estão presos em um cofre”, disse Sebastian Dominguez, contador e especialista em impostos em Buenos Aires.
O aumento recente nos depósitos em dólares é ainda pequeno em comparação com os US$ 204 bilhões que o Banco Central estima estarem em espécie na Argentina. Além disso, os depósitos atuais estão bem abaixo do pico de US$ 32,5 bilhões registrado em agosto de 2019, antes da volatilidade eleitoral.
Guardar dólares em espécie é uma prática comum na Argentina devido às frequentes crises financeiras e altos impostos. Embora o crescimento dos depósitos esteja ajudando a aumentar as reservas brutas do Banco Central, os passivos da instituição continuam superando seus ativos. As reservas líquidas permanecem negativas, cerca de US$ 6 bilhões, segundo a corretora local PPI.