Para conter os problemas inflacionários, o Banco Central Europeu (BCE) que rege a política monetária na zona do euro, anunciou há pouco um novo aumento na taxa básica de juros.
O BCE anunciou um aumento da taxa de depósito em 0,75 ponto percentual. É o segundo aumento consecutivo nos juros e o maior em uma reunião desde 1999, quando o banco realizou um ajuste técnico de três semanas para suavizar o lançamento do euro em janeiro de 1999.
Em julho, o banco já havia subido as taxas em 0,50 ponto percentual, a primeira elevação em 11 anos para combater a inflação alta e persistente no continente.
Com o novo aumento, a taxa de depósito de referência do banco sai de zero para 0,75%, o nível mais alto desde 2011.
Para o mercado, o movimento já era previsto. Com o aumento até mesmo sendo considerado tardio entre alguns analistas.
No mês passado, a inflação da zona do euro atingiu novo recorde. O aumento anual dos preços ao consumidor na região subiu para 9,1% em agosto, de 8,9% um mês antes, contra expectativa de 9%. O indicador está bem longe da meta de 2% do BCE.
Além disso, a taxa de desemprego está em patamar baixo, na casa dos 6,6%, o que intensifica o processo inflacionário.
Em seu anúncio, o Conselho do BCE afirma que tomou porque a inflação continua muito alta e provavelmente permanecerá acima da meta por um período prolongado. O banco afirma esperar aumentos ainda maiores nas taxas daqui para frente.
“O aumento dos preços da energia e dos alimentos, as pressões de demanda em alguns setores devido à reabertura da economia e os gargalos de oferta ainda estão elevando a inflação. As pressões sobre os preços continuaram a se fortalecer e se ampliar em toda a economia e a inflação pode aumentar ainda mais no curto prazo”, destaca o documento.
A equipe do BCE revisou significativamente suas projeções de inflação e agora elas devem atingir uma média de 8,1% em 2022, 5,5% em 2023 e 2,3% em 2024.
Nos últimos dias, a pressão sobre a autoridade monetária só aumentou, após a Rússia anunciar o corte de fornecimento de gás por meio do gasoduto Nord Stream 1 até que as sanções impostas ao país pela invasão da Ucrânia fossem retiradas.
Segundo analistas, o aprofundamento da crise energética deve pressionar ainda mais os preços e prejudicar a economia do continente, especialmente em países mais dependentes da commodity russa, como a Alemanha.