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Brasil continua com a maior taxa de juros do mundo

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O Banco Central decidiu manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75%, mesmo com pressão dos setores econômicos e do governo federal para a diminuição. A taxa mantém o Brasil no topo do ranking global de juros reais, acima de México, Colômbia, Chile e Filipinas, segundo levantamento da MoneYou e da Infinity Asset Management. 

Descontada a inflação esperada para os próximos 12 meses de 5,32%, segundo relatório Focus, do BC, os juros reais ficaram em 6,82%. Já nos juros nominais (sem descontar a inflação), o Brasil se manteve na segunda posição, atrás apenas da Argentina, em que a taxa é de 91%, porém a hiperinflação derruba a taxa real.

O comunicado da decisão desta quarta-feira foi mais ameno, mas não indicou a redução dos juros para a próxima reunião, em junho. Embora a inflação esteja em queda, o BC mantém a preocupação com a inflação corrente ainda elevada e a diminuição só vai ocorrer se houver um programa melhor para a estabilização das dívidas do país.

Para o especialista Fernando Lamounier, diretor de novos negócios da Multimarcas Consórcios, o cenário de juros altos é importante para conter a inflação, ainda que esteja razoavelmente controlada dentro dos padrões brasileiros, em comparação com países em realidade financeira semelhante.

“Há um consenso entre os especialistas, desde as últimas reuniões do Copom, de que há sim uma possibilidade para a redução das taxas de juros. O BC tem sido mais conservador nesse ponto, obviamente há uma visão técnica que tem que ser respeitada, mas há também uma dificuldade de crescimento econômico do país”, destaca o especialista.

A alta dos juros foi um dos principais fatores para a desaceleração da atividade econômica de 2022. No último trimestre do ano passado, o PIB diminuiu 0,2% na comparação com o trimestre anterior. Como esse nível foi mantido nos primeiros meses de 2023, a Selic continua restringindo a atividade econômica e as expectativas do Boletim Focus do BC, que indicam alta do PIB de apenas 1% em relação ao ano passado.

Além da desaceleração da atividade econômica, as taxas pesam no bolso do consumidor quando se trata de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. Lamounier pontua que elas encarecem o crédito para empresas e pessoas físicas, dificultam novos investimentos e também o poder de compra.

“Para o sistema de consórcio, as taxas de juros altas acabam sendo favoráveis, uma vez que deixa o produto do consórcio mais competitivo em relação ao financiamento. Porém, vale dizer que para todas as empresas e pessoas um cenário de juros alto nunca é bom e está longe de ser o ideal, pois as próprias empresas precisam investir e ter essa capacidade de realizar seus investimentos, assumir seus próprios riscos, mas sem pagar um valor desproporcional para isso”, explica o executivo.

Neste ano, o setor de consórcios contabilizou cerca de 1 milhão de novas cotas, totalizando R$ 68,95 bilhões de negócios, crescimento de 4,8% em relação ao mesmo período do ano passado. As contemplações tiveram alta de 21,1% – em relação ao intervalo entre os meses de janeiro e março de 2022 – e somaram R$ 19,22 bilhões, segundo a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC).