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Brasil, Estados Unidos e China: Perspectivas da inflação pelo mundo

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No Brasil, o IPCA alcançou 1,06% em abril, a maior variação para o mês em 26 anos. No entanto, não estamos isolados nessa tendência de alta dos preços. Na China, a inflação do mesmo período avançou no ritmo mais acelerado em quase seis meses. Já na maior economia do mundo, o Índice de Preços ao Consumidor desacelerou na comparação com março, mas acumula alta em 12 meses de 8,3% — patamar bastante elevado. Como esse cenário nos três países dialogam e nos afeta?

Por aqui, também houve uma desaceleração da inflação na comparação mensal, mas o índice veio acima do esperado. Além disso, o indicador já está há oito meses seguidos acima de dois dígitos. Apesar do alívio na tarifa de energia elétrica (causado pelas chuvas e, consequentemente, pelo retorno da bandeira tarifária verde), os combustíveis e os alimentos seguem sendo os principais vilões dos bolsos brasileiros, pois são influenciados diretamente pela alta dos preços das commodities e do dólar.

Panorama parecido se observa nos EUA, onde energia e alimentos subiram 30,3% e 9,4% nos últimos 12 meses. A escalada preocupa o Fed, que vê pressões externas aos preços americanos, como a guerra na Ucrânia e as medidas de contenção à Covid-19 na China, que impactam as cadeias de suprimentos globais — um dos principais motivos da alta inflacionária mundial observada desde o ano passado.

No país asiático, aliás, a alta anual da inflação em abril (2,1%) foi superior à de março (1,5%), impulsionada por custos logísticos que afetam itens básicos. Vale lembrar que Xangai, a maior cidade chinesa, está em confinamento, o que perturba as redes de abastecimento e os preços relacionados ao transporte.

Com esse novo fator encarecendo os suprimentos a nível internacional e a elevação de juros por parte do Fed (que subiu 0,5 p.p. na última semana, chegando a 0,75%-1%) provocando uma valorização do dólar, o Brasil se vê ainda mais pressionado este ano. No melhor cenário, a paz no Leste Europeu, a contenção da pandemia na China e a alta da Selic no Brasil serão capazes de conter a persistente onda inflacionária.

Rodrigo Sodré, economista e sócio da BRA, escritório credenciado da XP INVESTIMENTOS