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Brasileiros estão 9% mais infelizes no trabalho, revela estudo

Pesquisa da Pluxee em parceria com o The Happiness revela diferenças na felicidade e engajamento no trabalho por gênero, idade e região.

iStock 936117884 min
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A Pluxee, parceira global em benefícios e engajamento de colaboradores, recentemente uniu-se à plataforma britânica The Happiness Index, que avalia a felicidade e o engajamento dos colaboradores em mais de 100 países. Os dados revelaram que os brasileiros estão 9% mais insatisfeitos no trabalho em comparação com a média global. Sabe-se que felicidade e engajamento no ambiente profissional são temas essenciais, porém desafiadores de se alcançar. Esses fatores exigem um processo contínuo, com ações bem estruturadas, dedicação e, acima de tudo, muita escuta ativa. Uma pesquisa da McKinsey, realizada em setembro de 2023, mostrou que 62% dos colaboradores brasileiros não estão engajados em seus empregos. Em contrapartida, um estudo da Universidade de Oxford, divulgado em março de 2023, apontou que pessoas felizes no trabalho são 13% mais produtivas.

O estudo da Pluxee, realizado com mais de 23 mil trabalhadores entre 19 de fevereiro e 4 de março de 2024, teve como objetivo ajudar as empresas a entenderem os níveis de satisfação e envolvimento dos colaboradores por meio da análise de 22 perguntas pré-definidas, todas baseadas em neurociência. Os resultados mostraram que a média nacional de felicidade no trabalho no Brasil é de 7,2, enquanto a média global é de 7,8.

Para alcançar esses resultados, a pesquisa foi dividida em duas vertentes: felicidade e engajamento. A primeira, felicidade, refere-se a ter boas condições de trabalho e oportunidades de crescimento, e nesse aspecto, o Brasil está 4% abaixo da média global. A segunda, engajamento, mede o quanto as pessoas estão genuinamente conectadas com suas funções e empresas, com uma discrepância ainda maior, 10% abaixo da média. A pesquisa também revela que os profissionais brasileiros não se sentem reconhecidos por suas contribuições, nem valorizados como indivíduos, destacando a falta de oportunidades de crescimento pessoal e a ausência de inspiração em suas organizações.

“É urgente que as empresas brasileiras abordem a questão do reconhecimento com a máxima seriedade e atenção, não apenas pela atração e retenção de talentos, mas também pela melhor performance e resultados que se obtém com uma equipe engajada. No Brasil, temos uma diferença considerável em relação à média global de engajamento: enquanto registramos a pontuação de 7.1 no quesito, a média global está em 7.9. É fato que a conexão que as pessoas terão com as empresas será completamente diferente uma vez que elas se sintam valorizadas e essenciais para a companhia alcançar o sucesso”, afirma Fabiana Galetol, Diretora Executiva de Pessoas e de Responsabilidade Social Corporativa da Pluxee.

Homens são mais felizes no trabalho?

A resposta é sim. Uma análise segmentada por gênero revelou que os colaboradores que se identificaram com o gênero masculino têm uma média de felicidade e engajamento maior do que as colaboradoras. As médias das mulheres são inferiores a todas as relatadas pelos homens. Dois pontos mais críticos foram crescimento pessoal e quantidade de desafios em suas funções. O tema “crescimento pessoal,” registrou 6,6 pontos entre os homens e 6,1 entre as mulheres.

Fabiana Galetol acrescenta que “a diferença de 7,5% entre homens e mulheres na avaliação do ‘crescimento pessoal’ evidencia um menor número de oportunidades para as mulheres no mercado de trabalho brasileiro, bem como as dificuldades encontradas pelas profissionais no dia a dia, que muitas vezes não são as mesmas enfrentadas por profissionais homens. A realidade é triste, mas está presente no mercado de trabalho e sabemos que muitas vezes as mulheres precisam “se provar” muito mais para garantir o reconhecimento. É urgente que as empresas implementem políticas de equidade de gênero, garantindo também que mais mulheres ocupem cargos de liderança”, reforça.

No Brasil, os colaboradores se sentem mais felizes e engajados quando ficam mais velhos

O grupo composto por pessoas de 51 a 60 anos é, em média, 17% mais feliz do que o grupo de indivíduos de 19 a 30 anos. Os colaboradores mais jovens estão, em geral, menos satisfeitos e engajados. Fatores que contribuíram para a menor média de felicidade e engajamento entre os profissionais mais jovens incluem o equilíbrio entre vida pessoal e profissional (-21%), a falta de inspiração (-21%) e a sensação de que suas opiniões não são ouvidas (-19%).

Os fatores que mais impulsionaram a felicidade entre os trabalhadores de 51 a 60 anos incluem o equilíbrio entre vida pessoal e profissional (+27%), autoconfiança no trabalho (+13%), valorização (+24%) e o fato de terem suas opiniões ouvidas (+23%).

A executiva alerta para a necessidade das empresas em superarem a visão generalizada sobre diferentes gerações no ambiente de trabalho. Segundo ela, “ao invés de ter um olhar único, é preciso entender as especificidades de cada faixa etária, ter clareza de que são públicos diferentes, com necessidades e expectativas distintas, mas que se complementam em conhecimento e experiência. A diferença significativa entre a pontuação de felicidade dos jovens de 19 a 30 anos (6.7) e a dos profissionais acima de 60 (8.1) reforça isso. Pesquisas de clima e um diálogo constante são algumas das ferramentas que auxiliam tal compreensão sobre o público interno”.

Os melhores índices de felicidade e engajamento foram registrados na Região Norte e os piores na Região Sudeste do país.

Apesar das pontuações serem semelhantes em todo o Brasil, há uma diferença de 11% entre a região com maior pontuação, o Norte, e a região com o menor score em engajamento e felicidade, o Sudeste. A região Norte lidera com uma pontuação de 7,9, seguida pelo Nordeste com 7,6. O Centro-Oeste ocupa o terceiro lugar com 7,5, enquanto a região Sul está em quarto com 7,2. O Sudeste fica em último lugar, com uma pontuação de 7,0.

Embora apresente mais oportunidades de trabalho, a região Sudeste também concentra maior nível de competitividade, já que muitos brasileiros buscam nas capitais, como São Paulo, a construção de suas carreiras uma vez que a região abriga empresas dos mais variados setores, tamanhos e, no geral, melhores salários. Adicionalmente, tais capitais tendem a ter mais trânsito e os dias acabam sendo menos proveitosos justamente pelo tempo que se dedica no caminho de ir e vir. Ao somar esses fatores com a pressão do mercado profissional, naturalmente a região acaba registrando menor índice de felicidade no trabalho.

Em geral, os profissionais do Sudeste tiveram notas baixas nos quesitos de inspiração, oportunidade de progresso, equilíbrio entre vida profissional e pessoal, e sentir que suas opiniões não são ouvidas. Em contrapartida, a região Norte registrou pontuações mais altas em oportunidades de aprendizado, desafios, inspiração e comprometimento com o sucesso da organização.