Dados da pesquisa “Hopes and Fears 2023” realizada pela PwC mostram que os profissionais brasileiros querem trocar de emprego em até doze meses. A pesquisa ouviu 54 mil pessoas em 46 países, incluindo o Brasil com mais 1000 entrevistados. A geração Z (pessoas nascidas entre os anos de 1995 a 2010) compreendem (31%), seguido da geração X (pessoas nascidas entre 1964 e 1979) com (27%) e por fim a geração Y (com pessoas nascidas entre 1980 e a primeira parte de 1990) com (25%).
Como já revelado em outras pesquisas e confirmado pelo estudo, o principal motivo para querer a troca de emprego está entre os que se sentem “sobrecarregados” (44%) e os que lutam para pagar as contas (38%). O levantamento revelou que 21% dos brasileiros estão com dificuldades de arcar com os boletos e 39% depois de pagar todas as contas, afirmam que não sobra nada ou muito pouco da receita.
Para Alex Araujo CEO da 4Life Prime, os números são reflexos de um mercado de trabalho esgotado sem inovações, cada vez mais exigindo resultados e metas, comprometendo a saúde mental dos colaboradores. O número de profissionais estressados e com burnout nunca foi tão alto nos últimos anos. Há uma necessidade de equalizar compromissos, de melhorar a qualidade de vida dos colaboradores e fidelizá-los à empresa.
Um dos temas do estudo é que as empresas precisam se reinventar para atrair e fidelizar colaboradores, mantendo sua relevância não apenas para o mercado que atua, mas para seus clientes internos (colaboradores). A cultura da empresa e a inclusão continuam sendo uma das maiores preocupações dos colaboradores. Entre os que afirmaram que é provável que mudem de emprego, menos da metade (47%), afirmou que considera o seu atual emprego gratificante, em comparação com os 57% que não mudarão de local.
Um em cada cinco trabalhadores (21%), tem atualmente vários empregos, sendo que 69% fazem porque precisam de renda adicional para quitar dívidas. Para Fernando Lamounier, educador financeiro e diretor da Multimarcas Consórcios, a educação financeira precisa ser mais incentivada para organização das finanças, evitando assim o endividamento que leva os brasileiros a procurarem rendas extras.
“A consciência de gastos e o planejamento para realização de grandes projetos beneficia não apenas o detentor do dinheiro, mas todos ao seu redor. Identificar os pontos de melhoria, analisar o mercado e traçar os objetivos é o básico para o planejamento anual, assim você estará preparado para longos períodos e evitará endividamentos”, explica Lamounier.
Araujo explica que o desgaste emocional compromete o rendimento do colaborador e o coloca em posição de risco, afetando assim a saúde física: “Um colaborador cansado, esgotado mentalmente corre o risco de sofrer um acidente de trabalho, dependendo da sua área de atuação. As empresas precisam aumentar a quantidade de exames mensais, avaliações periódicas garantindo assim a integridade física e mental do colaborador”.
Com o aumento da pressão econômica, a proporção de trabalhadores a pleitear aumento salarial por ano, aumentou de 35% a 42%, comparado com o relatório do ano anterior. Entre o grupo com dificuldade financeira o número passou para 46%. Este grupo, são menos capazes de enfrentar os desafios futuros, incluindo a necessidade de desenvolver novas competências ou de se adaptarem às tecnologias da IA.
Os trabalhadores com mais folga orçamentária são mais propensos a procurar feedback no trabalho e utilizá-lo para melhorar o seu desempenho (57%), contra 45% de quem está com dificuldades financeiras. Para Alex, a concentração, foco e resistência são atributos de um colaborador com saúde mental equilibrada. Um colaborador endividado não terá foco em produzir, porque o seu foco estará para as contas que ele precisa liquidar, ou seja, o pensamento, a energia empregada no trabalho será a última na sua lista de prioridades. Atualmente, as empresas oferecem apoio ao colaborador tanto na parte física como financeira, com aprovações e facilitadores de crédito.
“Os colaboradores só devem recorrer às linhas de créditos oferecidas pelas empresas em casos de extrema necessidade, já que os juros estão em alta e antecipam as dívidas do próximo mês”, destaca Lamounier.
A pesquisa com CEOs de 2023 da PwC descobriu que quatro em cada 10 CEOs acham que sua empresa não sobreviverá mais de 10 anos sem transformação. A força de trabalho está um pouco mais otimista na “Hopes and Fears 2023”, com o valor equivalente a 33%. Embora esse pessimismo aumente para 40% entre as gerações mais jovens. A confiança na longevidade do negócio a longo prazo também é fundamental para a retenção de bons colaboradores e a valorização salarial.