- Roberto Campos Neto, declarou que a taxa Selic a 10,5% é “suficientemente alta”
- Dessa forma, para que, a longo prazo, trazer a inflação de volta à meta estabelecida
- Ele explicou também que o Banco Central escolheu a palavra “interrupção” para descrever o ciclo de queda de juros
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, declarou ao jornal Valor Econômico que a projeção alternativa de inflação apresentada pelo Copom, com a taxa Selic em 10,5% ao ano, indica que essa taxa é “suficientemente alta”. Assim, para, a longo prazo, trazer a inflação de volta à meta estabelecida.
“Já houve no passado momentos em que a gente desenhou os cenários alternativos para mostrar que a taxa de juros é suficientemente alta, que num período mais longo ela traz a inflação para a meta”, disse o presidente, em entrevista ao jornal.
“Estava tendo muito ruído em torno dos números de curto prazo. A gente entende que essa é uma informação valiosa a mais para os agentes.” Complementou.
Ele explicou também que o Banco Central escolheu a palavra “interrupção” para descrever o ciclo de queda de juros. Visto que, ela transmite de forma mais precisa a intenção de não oferecer diretrizes explícitas aos participantes do mercado.
COPOM mantém taxa Selic em 10,50% ao ano por unanimidade
O Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 10,50% ao ano. A decisão reflete a preocupação em alinhar as expectativas de inflação à meta estabelecida para 2025, em meio a um cenário global de incertezas e uma atividade econômica doméstica mais robusta do que o esperado.
No comunicado divulgado, o COPOM destacou que o ambiente externo continua adverso, com alta incerteza sobre o início da flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e a velocidade da desinflação em diversos países.
Atividade Econômica: Os indicadores de atividade e do mercado de trabalho no Brasil seguem apresentando dinamismo acima das expectativas.
Inflação: A inflação tem mostrado uma trajetória de desinflação, mas as medidas de inflação subjacente ainda estão acima da meta.
Expectativas de Inflação: Segundo o Boletim Focus, as expectativas de inflação subiram de 3,7% para 4,0% para 2024 e de 3,6% para 3,8% em 2025. As projeções de inflação também aumentaram de 3,8% para 4,0% em 2024 e de 3,3% para 3,4% em 2025.
O COPOM, dessa forma, afirmou que o balanço de riscos é simétrico. Mas as conjunturas doméstica e internacional continuam incertas, exigindo cautela na condução da política monetária. A decisão de manter a Selic em 10,50% visa interromper o ciclo de queda dos juros, devido ao cenário global incerto e à alta das projeções de inflação.
O comitê, contudo, indicou que os juros deverão permanecer estáveis até que haja convergência das projeções de inflação. No cenário alternativo, com a Selic constante até o final de 2025, as projeções para o IPCA são de 4,0% para 2024 e 3,1% para 2025.
Impactos nos Investimentos
Ibovespa: A decisão deve ajudar o índice a se manter acima dos 120.000 pontos no curto prazo. Este, com potencial de alta caso as medidas fiscais sejam críveis.
Dólar: A decisão, portanto, ajuda a reduzir o risco de inflação alta, estabilizando a moeda.
Juros: A tendência é que a decisão do COPOM reduza o prêmio de risco na estrutura a termo de juros. Assim, embora a questão fiscal continue crucial.
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, a decisão unânime do COPOM era amplamente esperada. E, destaca o compromisso do Banco Central em manter a política monetária contracionista o tempo necessário para consolidar o processo de desinflação e ancorar as expectativas de inflação.