- Casas Bahia está prestes a anunciar pedido de Recuperação Extrajudicial
- A aprovação do pedido ocorreu de antemão, o que praticamente elimina todos os riscos associados a esse tipo de procedimento
- Para a aprovação, portanto, seria necessário alcançar um quórum mínimo de 50% mais 1
O Grupo Casas Bahia está se preparando para anunciar oficialmente sua entrada com um pedido de recuperação extrajudicial, conforme fontes informaram ao Brazil Journal. Esta medida, menos complexa que a recuperação judicial tradicional, visa possibilitar à varejista estender suas dívidas e diminuir seus encargos financeiros.
As fontes afirmam que a aprovação do pedido ocorreu de antemão, o que praticamente elimina todos os riscos associados a esse tipo de procedimento. Na tarde de ontem (28), a Casas Bahia concluiu a assinatura de um contrato com seus dois principais credores, o Bradesco e o Banco do Brasil. Juntos, eles detêm 66% das dívidas a serem incluídas na recuperação extrajudicial, assim, estabelecendo todos os termos da transação.
Para a aprovação, seria necessário alcançar um quórum mínimo de 50% mais 1. A recuperação extrajudicial da Casas Bahia abrangerá suas quatro debêntures em circulação e as CCBs com o Bradesco e Banco do Brasil.
Essas dívidas, portanto, totalizam R$ 4,1 bilhões, sendo que os CCBs correspondem a R$ 2,2 bilhões. O Bradesco e o BB também possuem R$ 500 milhões em debêntures da Casas Bahia através de suas assets, totalizando 66%. Além dessas obrigações, a empresa tem outros R$ 5 bilhões em operações de ‘risco-sacado’ e CDCIs, utilizados para financiar seu crediário.
Ao contrário de uma recuperação judicial (RJ), a recuperação extrajudicial (RE) tem um escopo limitado, não afetando outras dívidas da empresa, que permanecerão sendo pagas. Além disso, a RE não influencia a relação da empresa com seus fornecedores e clientes, e tem uma duração significativamente mais curta. Espera-se concluir a recuperação em 1 ou 2 meses.
A operação
Uma fonte próxima à empresa revelou que a operação proporcionará um alívio de caixa significativo para a Casas Bahia, aumentando, contudo, a duração da dívida e reduzindo consideravelmente seu custo financeiro. O prazo médio dessas obrigações aumentará de 22 meses para 72 meses, resultando em uma queda de 1,5 ponto percentual no custo.
A Casas Bahia tem R$ 4,8 bilhões (entre principal e juros) para pagar nos próximos quatro anos, com vencimentos distribuídos entre 2023 e 2027. Após a recuperação extrajudicial (RE), no entanto, seus primeiros desembolsos ocorrerão em 2026, totalizando R$ 1,5 bilhão até 2030.
Atualmente, o custo médio das dívidas é de CDI + 2,75%. Após a recuperação extrajudicial (RE), a Casas Bahia terá apenas uma debênture com duas séries: uma com custo de CDI + 1,5% e a outra com CDI + 1%. Esta redução nas taxas resultará em uma economia de juros estimada em cerca de R$ 400 milhões, ou seja, R$ 60 milhões anualmente. Para atrair mais os credores, parte da segunda série (63% do total) poderá ser convertida em equity entre 18 e 36 meses após a conclusão da operação.
Durante esse período, os credores terão a opção de converter a dívida ao final de cada trimestre, com um desconto de 20% do valor médio transacionado nos 90 dias anteriores. Para ser elegível para a conversão, os credores devem manter as condições atuais de outras linhas de crédito com a empresa ou fornecer novo financiamento.
Conforme uma das fontes, mesmo sem a recuperação extrajudicial, a Casas Bahia teria capacidade financeira para cumprir suas obrigações nos próximos anos.
“Mas seria um cenário em que a companhia ia ter que pagar as dívidas com caixa próprio e ficar numa situação em que não teria flexibilidade para acordos com fornecedores, negociações. Ia impactar muito o capital de giro”, explica.
“Além disso, eles iam continuar dependentes dos dois bancos [Bradesco e BB] porque não ia ter espaço para a entrada de novos credores. A RE reduz a dependência da companhia com esses dois bancos no longo prazo, o que para os bancos também é bom.” Complementa.
O anúncio da recuperação extrajudicial ocorre durante um amplo plano de reestruturação da Casas Bahia, já 35% concluído, visando mudanças operacionais e na estrutura de capital. O objetivo é finalizar o plano até o final deste ano.
O management tem comunicado ao mercado que espera ver os resultados das mudanças já implementadas refletidos no desempenho do primeiro trimestre de 2024 da varejista, cuja divulgação está agendada para o dia 8 de maio.