Dólar a R$ 4,30: ainda dá para sonhar?

O mercado financeiro brasileiro recebe com otimismo as projeções para o ano de 2024, especialmente em relação à cotação do dólar, que recentemente voltou a ser negociado na casa dos R$ 4,90. Especialistas apontam que, diante de um cenário global de retomada da liquidez, a moeda americana pode perder força frente ao real, com projeções que indicam o dólar chegando ao patamar de R$ 4,30.

A cotação do dólar é influenciada por uma série de fatores, incluindo políticas monetárias, fluxos de comércio internacional, além do cenário político e econômico global. A expectativa de queda do dólar para menos de R$ 5 pode ser vista como o resultado de um conjunto complexo de variáveis que afetam o mercado de câmbio.

João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, analisa que, com o possível movimento de redução das taxas de juros globais — conhecido como bull steepening —, o dólar tende a se enfraquecer em relação a outras moedas. Ele prevê que o DXY (Índice do Dólar Americano) retorne aos níveis pré-pandemia, em torno de 97 pontos. Piccioni destaca que os países emergentes, especialmente o Brasil, continuarão a atrair atenção no mercado global.

Segundo o especialista, o afrouxamento monetário nos países emergentes não deve impactar negativamente o câmbio, pois espera-se que o Federal Reserve (Fed) dos EUA siga uma direção semelhante. “As economias emergentes estão fragilizadas e precisam de estímulo monetário para retomar um crescimento de qualidade”, afirma Piccioni. Ele projeta que os primeiros meses de 2024 serão desfavoráveis para o dólar frente ao real, atingindo rapidamente a marca de R$ 4,50.

No entanto, Piccioni adverte que para o dólar não se fortalecer no final do ano, a economia brasileira precisa mostrar sinais mais robustos de recuperação, indo além do setor do agronegócio. Caso contrário, a moeda americana pode voltar aos níveis de R$ 4,80.

André Perfeito, economista, é mais otimista e projeta o dólar a R$ 4,30 até o final de 2024. Ele aponta três fatores que podem fortalecer o real: um superávit na balança comercial brasileira, sinais de um momento promissor na economia do país e o crescimento do PIB e da arrecadação do governo federal.

Cássio Zeni, sócio da Rubik Capital, complementa que taxas de juros mais baixas no Brasil podem tornar os investimentos em real mais atraentes, reduzindo a demanda por dólares. Ele também ressalta que a retomada da confiança dos investidores estrangeiros na economia brasileira é um fator crucial para a valorização do real.