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Dólar dispara para R$ 5,69 em meio à alta da dívida pública

A moeda americana segue em alta nesta sexta-feira (30), aproximando-se de R$ 5,70, mesmo após intervenção do Banco Central.

Imagem/Reprodução
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  • O dólar, no entanto, registrou forte alta nesta sexta-feira (30), aproximando-se de R$ 5,70, mesmo após o Banco Central (BC) intervir no mercado com um leilão de dólares
  • A medida visa conter a escalada da moeda americana, que tem sido impulsionada ao longo da semana pela busca dos investidores por ativos de proteção
  • Visam, contudo, em meio a preocupações com o cenário fiscal brasileiro e a política monetária nos Estados Unidos

O dólar, no entanto, registrou forte alta nesta sexta-feira (30), aproximando-se de R$ 5,70, mesmo após o Banco Central (BC) intervir no mercado com um leilão de dólares. A medida visa conter a escalada da moeda americana, que tem sido impulsionada ao longo da semana pela busca dos investidores por ativos de proteção. Assim, em meio a preocupações com o cenário fiscal brasileiro e a política monetária nos Estados Unidos.

No leilão, o BC aumentou a oferta de dólares no mercado, na tentativa de reduzir a pressão sobre o câmbio. Entretanto, a operação não foi suficiente para inverter o movimento de alta, uma vez que os investidores continuam buscando o dólar como forma de hedge diante das incertezas sobre o futuro dos juros americanos e o agravamento das contas públicas brasileiras.

Além disso, o Ibovespa, principal índice da B3, opera em queda no último pregão de agosto. O mercado brasileiro se mantém cauteloso após a divulgação de dados que mostram o aumento da dívida pública, agora correspondente a 78,5% do PIB em julho, acima dos 77,8% registrados em junho. Essa deterioração das contas públicas alimenta o pessimismo entre os investidores, que aguardam medidas mais concretas para a contenção do déficit fiscal.

As recentes declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também contribuíram para o clima de apreensão. Campos Neto, no entanto, afirmou que “enquadrar” a questão fiscal tem sido o maior desafio da economia brasileira, sinalizando que o governo terá dificuldades em equilibrar as contas públicas no curto prazo. Esse discurso somou-se ao pessimismo em relação à sustentabilidade da dívida, o que pressiona ainda mais o dólar.

Cenário internacional

No cenário internacional, os mercados monitoram atentamente os dados de inflação nos Estados Unidos. O índice de preços de despesas com consumo pessoal (PCE), indicador preferido do Federal Reserve (Fed) para medir a inflação, registrou alta de 2,5% em um ano até julho, permanecendo estável em relação ao mês anterior e abaixo das projeções de 2,6%. Esses números, embora positivos, ainda não dissipam as expectativas de que o Fed possa manter uma política monetária rígida no futuro próximo.

Às 10h15, o dólar, contudo, apresentava alta de 1,00%, cotado a R$ 5,6792, e chegou a atingir R$ 5,6916 na máxima do dia. No pregão anterior, a moeda americana subiu 1,20%, encerrando a R$ 5,6231. Com isso, o dólar acumulou ganhos de:

  • 2,62% na semana;
  • 0,55% de recuo no mês;
  • 15,88% de valorização no ano.

Por outro lado, o Ibovespa caía 0,71% no mesmo horário, aos 135.077 pontos. Na quinta-feira (29), o índice fechou em baixa de 0,95%, aos 136.041 pontos. Com os resultados recentes, o principal índice da bolsa brasileira apresenta:

  • Alta de 0,32% na semana;
  • Alta de 6,57% no mês;
  • Ganhos de 1,38% no acumulado do ano.

Esses números refletem a volatilidade crescente no mercado financeiro brasileiro, em meio às preocupações fiscais internas e ao cenário global, que segue monitorando as ações dos principais bancos centrais.

O que mexe com os mercados?

Hoje, o Banco Central (BC) realizou um leilão de até US$ 1,5 bilhão no mercado de câmbio à vista. Dessa forma, com o objetivo de conter a escalada do dólar observada ao longo desta semana. Entre segunda e quinta-feira, a moeda americana avançou 2,62%, ultrapassando a marca de R$ 5,60. O leilão foi conduzido das 9h30 às 9h35.

Durante um leilão de dólar à vista, o BC vende dólares de suas reservas internacionais para aumentar a oferta da moeda no mercado. Ainda, com a intenção de estabilizar a taxa de câmbio e evitar novas elevações no preço do dólar. Este foi o segundo leilão de dólar realizado pela instituição desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O aumento do dólar ao longo de agosto, com a moeda superando R$ 5,80 no início do mês, reflete preocupações com a situação fiscal do Brasil e incertezas sobre a política monetária dos Estados Unidos. No cenário doméstico, as dúvidas sobre a capacidade do governo de equilibrar as contas públicas permanecem em destaque.

Em julho, o setor público consolidado registrou um déficit primário de R$ 21,3 bilhões, superando amplamente as previsões de economistas que esperavam um saldo negativo de R$ 5 bilhões, conforme pesquisa da Reuters. O saldo negativo do mês foi composto por déficits de R$ 8,6 bilhões do governo central, R$ 11,1 bilhões dos governos regionais e R$ 1,7 bilhão das empresas estatais.

Na quinta-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou em um evento da CNN que “a parte mais difícil da economia brasileira atualmente é lidar com a questão fiscal. As despesas continuam a crescer acima da receita.” Esta declaração sublinha os desafios contínuos enfrentados pelo governo para controlar as finanças públicas em um ambiente econômico volátil.