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Economia: mundo enfrentará dificuldades em 2023, diz especialista

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Diversos países do globo, incluindo o Brasil, apresentarão dificuldades econômicas em 2023. A invasão da Rússia na Ucrânia (ainda em curso e sem perspectivas de solução no curto prazo) está afetando diversos países por meio de impactos no comércio e produção global, preços de commodities, inflação e taxas de juros. A previsão é do coordenador do Instituto de Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Ahmed El Khatib.

Segundo o professor, a guerra está tendo importantes efeitos econômicos e sociais em nível global e, por isso, organismos econômicos e governos estão revisando para baixo suas previsões de crescimento.

“Por exemplo, o governo espanhol reduziu sua previsão de crescimento para 2023, para 2,7%, em vez dos 3,5% anteriormente previstos. As repercussões da guerra estão sendo mais graves para a Europa e a Ásia Central, onde a produção deverá contrair acentuadamente em 2022 e 2023. O crescimento da produção deverá desacelerar em todas as outras regiões, exceto no Oriente Médio e Norte da África, onde os benefícios dos preços mais altos da energia para os exportadores de energia devem superar os impactos negativos para as outras economias da região”, explica.

Os riscos para todas as regiões estão inclinados para o lado negativo e incluem intensificação das tensões geopolíticas, aumento da inflação, escassez de alimentos, estresse financeiro e aumento dos custos de empréstimos, surtos renovados de COVID-19 e interrupções por catástrofes.

“A invasão da Rússia na Ucrânia e seus efeitos nos mercados de commodities, cadeias de fornecimento, inflação e condições financeiras aumentaram a desaceleração do crescimento global. Um dos principais riscos para a perspectiva é a possibilidade de uma alta inflação global acompanhada de um crescimento morno, reminiscente da estagflação da década de 1970”, alerta o professor.

INCERTEZA NO MUNDO

Existe um cenário de incerteza presente não só no Brasil, mas também em diversos outros países, inclusive desenvolvidos.

O choque de oferta sentido após os primeiros meses da pandemia gerou distorções sem precedentes nas cadeias globais de produção, que estão sendo potencializadas pelo conflito no Leste Europeu — a Rússia, grande exportadora mundial de várias commodities, vem enfrentando várias sanções econômicas e bloqueios nas exportações de vários produtos; além disso, a paralisação da economia chinesa, ocasionou uma crise na oferta dos portos chineses.

“A consequência disso se traduz na maior duração do processo de normalização do suprimento de insumos industriais e numa pressão inflacionária disseminada entre as economias globais, combatida via choque de juros pelos órgãos monetários de cada país”.

Segundo o professor, não somente o Brasil, mas grande parte das economias globais vêm sofrendo esses efeitos. Os Estados Unidos, por exemplo, elevaram pela segunda vez somente em 2022 sua taxa de juros, sendo que desde 2018 mantinha a taxa de juros zerada.

A formação desse cenário de incerteza global e inflação de custos também levou o Banco Central brasileiro a assumir uma postura mais dura no combate da inflação, mesmo que afetando o ritmo da atividade econômica. Esses fatores irão pressionar fortemente o câmbio (ficará acima de R$ 5,00 por dólar), a inflação e a taxa de juros, por consequência.

“É necessária uma resposta política vigorosa e abrangente para impulsionar o crescimento, reforçar os quadros macroeconômicos, reduzir as vulnerabilidades financeiras e apoiar os grupos vulneráveis”, finaliza Ahmed.

Ahmed Sameer El Khatib é professor de Graduação em Ciências Contábeis, Administração e do Programa de Mestrado da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), e coordenador do Instituto de Finanças da FECAP.