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Economistas estão preocupados com crescente inflação no Brasil

Expectativas de inflação em alta levam economistas e operadores consultados pelo Banco Central, a prever pausa nos cortes da Selic em junho.

banco central economia 0413202009
banco central economia 0413202009
  • Economistas e operadores estão apostando cada vez mais na pausa no cortes da taxa Selic
  • A pioras nas projeções mostra que o BC não tem mais margem para novos cortes
  • Os analistas que participaram da reunião expressaram preocupações quanto ao Banco Central e a adoção de uma postura mais flexível em relação à inflação

Economistas e operadores estão cada vez mais apostando em uma pausa nos cortes da taxa Selic em junho, à medida que as expectativas de inflação se deterioram. A piora das projeções de inflação significa que o Banco Central (BC) não tem mais margem para novos cortes de juros.

Um grupo de analistas expressou essa avaliação durante uma reunião privada com os diretores da autoridade monetária, Diogo Guillen e Renato Dias Gomes, na segunda-feira (20). Participantes anônimos da reunião afirmam que a visão expressa está alinhada com a expectativa dos investidores sobre a estabilidade dos juros no Copom.

Os analistas que participaram da reunião expressaram preocupações de que o Banco Central possa adotar uma postura mais flexível em relação à inflação. A maioria deles prevê, contudo, que as estimativas de inflação continuarão subindo. Assim, possivelmente ultrapassando a meta de 3%, com alguns até mesmo apostando em valores em torno de 4%.

Após uma votação dividida no início do mês, onde os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) reduziram o ritmo de redução da taxa Selic, todos os quatro diretores indicados pelo presidente Lula estavam a favor de um corte maior. Este, de 0,50 ponto percentual, conforme orientação dada na reunião anterior. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, defendeu a decisão, afirmando, no entanto, que o debate foi técnico e que todos os argumentos foram considerados.

Preocupação com BC

A decisão renovou as preocupações sobre a postura do Banco Central em relação à inflação, especialmente à medida que se aproxima a saída de Roberto Campos Neto em dezembro, e com a perspectiva de Luiz Inácio Lula da Silva garantir a maioria dos diretores do Copom.

A reunião realizada nesta segunda-feira, faz parte dos encontros regulares entre analistas e diretores do BC. Estes, antes da divulgação do Relatório Trimestral de Inflação. Durante o encontro, os membros do Copom continuaram, contudo, com a prática de se absterem de fazer comentários. Assim, concentrando-se em ouvir as opiniões dos economistas.

O que aponta a Pesquisa Focus?

Na pesquisa Focus divulgada hoje, economistas consultados pelo Banco Central aumentaram suas estimativas para a Selic em dezembro pela terceira semana consecutiva, para 10%. Pela primeira vez desde junho passado, previram taxas de dois dígitos para o final de 2024.

Durante a reunião com o BC nesta segunda-feira, analistas se mostraram mais pessimistas em relação à inflação do que antes. Alguns indicaram que poderiam revisar para cima suas estimativas para 2026, as quais permaneceram estáveis em 3,5% por quase um ano, de acordo com a Focus.

Campos Neto mencionou, portanto, mudanças nas perspectivas econômicas, incluindo expectativas de inflação piores e condições financeiras globais mais apertadas, justificando uma mudança no ritmo de flexibilização. Nomeados por Lula defenderam, entretanto, argumentos técnicos para uma redução maior dos juros, enfatizando a importância da comunicação oficial debatida entre os membros do Copom.

Roberto, pela primeira vez mencionou a possibilidade de uma redução menor dos juros. Isso, durante um evento com investidores em Washington, em um discurso que não foi previamente discutido com todos os diretores.