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Efeito Lula: Vale perde R$ 40 bilhões de valor de mercado em 2024

Não ta fácil para a Vale que enfrenta desafios em 2024: perdas bilionárias, condenação judicial e queda no mercado de minério.

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Vale enfrenta desafios em 2024: perdas bilionárias, condenação judicial e queda no mercado de minério.

A mineradora Vale está passando por um ano desafiador em 2024, perdendo impressionantes R$ 38 bilhões em valor de mercado. Essa queda significativa está relacionada a diversos fatores, incluindo a pressão por parte do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, para assumir um cargo na empresa, a baixa demanda chinesa pelo minério de ferro e uma condenação judicial.

As ações da Vale fecharam com uma queda de 2,2% no pregão mais recente, acumulando uma perda de 11% desde o início do ano. Isso resultou em um valor de mercado atual de R$ 309,1 bilhões para a empresa.

Pressões políticas, condenações judiciais e desafios no mercado afetam a mineradora Vale em 2024

A Vale, uma das maiores empresas de mineração do Brasil e do mundo, enfrenta um ano de desafios significativos em 2024, com perdas que totalizam R$ 38 bilhões em seu valor de mercado. Vários fatores contribuíram para essa queda dramática, incluindo a pressão política para a inclusão do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, no conselho de administração da empresa.

Outro fator que afetou a saúde financeira da Vale foi a recente baixa no preço do minério de ferro, impulsionada pela incerteza em relação à demanda da China, um dos maiores consumidores desse recurso natural. Essa queda no valor do minério impactou diretamente a receita da empresa e contribuiu para a desvalorização de suas ações.

Além disso, nesta quinta-feira, uma notícia negativa adicionou mais pressão à Vale. A Justiça Federal condenou a mineradora, juntamente com a BHP e a Samarco, a pagar uma multa de R$ 47,6 bilhões como indenização por danos morais coletivos causados pelo trágico rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015. Este acontecimento ocorreu no mesmo dia em que se completaram cinco anos desde o desastre da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), que também está associado à Vale.

Desde o retorno das discussões sobre a possível inclusão de Guido Mantega na direção da Vale, em janeiro deste ano, a empresa viu suas perdas de valor de mercado se agravarem. Em apenas 10 dias, o valor da empresa caiu R$ 14 bilhões, embora tenha havido uma pequena recuperação das ações entre 22 e 24 de janeiro. No ponto mais baixo deste ano, em 22 de janeiro, as perdas acumuladas em 2024 haviam chegado a R$ 40,5 bilhões.

Além dos desafios financeiros, a Vale enfrenta agora a pressão por responsabilidade ambiental e a necessidade de reparar os danos causados por desastres passados, como Brumadinho e Mariana. A empresa declarou que ainda não foi notificada da decisão judicial desta quinta-feira e que pretende se manifestar oportunamente no processo, pois a condenação é passível de recurso.

Ações da Vale desabam após “toque de Lula”

As ações da Vale (VALE3) vivenciaram nos últimos dias intensas variações, marcadas especialmente pelo aniversário de cinco anos da tragédia de Brumadinho. Na sessão da quinta-feira (25), os papéis da mineradora fecharam em baixa de 2,20%, cotados a R$ 68,36, apesar da alta de 1,6% do minério de ferro no mercado de Dalian.

Este cenário reflete uma série de fatores que impactaram o desempenho da Vale na bolsa. Primeiramente, os investidores reagiram à decisão da Justiça Federal que condenou a Vale, juntamente com a BHP e a Samarco, ao pagamento de R$ 47,6 bilhões como indenização pelos danos morais coletivos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, ocorrido em novembro de 2015. O valor deverá ser corrigido com juros desde a data do desastre, embora ainda caiba recurso e o pagamento será efetivado após o trânsito em julgado da decisão. Tanto a Vale quanto a BHP informaram que ainda não foram notificadas sobre a decisão, enquanto a Samarco preferiu não comentar.

Além disso, as recentes declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em referência à tragédia de Brumadinho, também influenciaram o mercado. Em postagem na rede social X (antigo Twitter), Lula relembrou o desastre e criticou a Vale por não ter tomado medidas suficientes para reparar os danos. Ele ressaltou a importância do amparo às famílias das vítimas e da necessidade de fiscalização e prevenção em projetos de mineração.

Este cenário político se agrava com a proximidade da sucessão na direção da Vale. Atualmente, há discussões em torno da indicação de Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda, para o cargo de diretor executivo da mineradora, uma escolha apoiada por membros do governo. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu a indicação de Mantega ao Conselho da Vale, destacando sua qualificação para o cargo em uma empresa estratégica para o Brasil.

O atual CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo, tem contrato até 31 de maio, e o conselho da empresa deve se reunir nos próximos dias para discutir seu futuro. A escolha de Mantega tem sido vista com ceticismo por parte do mercado, dada a participação minoritária do governo na empresa através da Previ, que possui 8,7% das ações. Analistas, como os do Bradesco BBI, veem como mais provável que Mantega conquiste uma cadeira no Conselho, em vez de assumir a presidência.

A situação da Vale é complexa, pois além dos desafios legais relacionados aos desastres ambientais e humanitários de Brumadinho e Mariana, enfrenta agora incertezas políticas que podem afetar sua gestão e operações. Especialistas, como Enrico Cozzolino da Levante, alertam para o risco de ingerência política na mineradora, o que poderia levar a complicações no que tange a licenças ambientais e tributação.