A Eneva (ENEV3) apresentou uma proposta não-vinculante para uma fusão de iguais (merger of equals) ao conselho de administração da Vibra (VBBR3), com o objetivo de criar uma empresa líder no setor de energia e combustíveis. A proposta, inicialmente válida por quinze dias, tem como base a expectativa de um crescimento significativo na liquidez das ações, prevendo um volume superior a R$ 300 milhões por dia.
Caso a fusão seja concretizada, a empresa resultante se tornaria a maior distribuidora de combustíveis do Brasil, a principal plataforma de geração termoelétrica e a terceira maior empresa listada no setor de energia do país.
A proposta da Eneva envolve a incorporação de ações da Eneva pela Vibra ou outra estrutura a ser estabelecida de comum acordo pelas duas empresas. A ideia é que, ao final do processo, os acionistas de ambas as companhias detenham 50% das ações da empresa combinada.
Além disso, o BTG Pactual anunciou que, caso a fusão se concretize, concentrará todos os seus ativos de geração de energia na nova empresa resultante. O banco possui um portfólio que inclui quatro usinas térmicas, com um valor estimado de R$ 2,5 bilhões. Essas usinas estão localizadas no Espírito Santo e no Amazonas, com uma capacidade instalada total de 710 MW. Comparativamente, a Eneva possui uma capacidade de geração que inclui térmicas a carvão, térmicas a gás e ativos renováveis, totalizando 4.273 MW.
A transação proposta pelo BTG Pactual busca evitar conflitos de interesse com sua exposição ao setor, e o banco planeja oferecer seus ativos à nova empresa em condições a serem negociadas entre o BTG e membros independentes do novo conselho da companhia combinada.
A proposta de fusão entre a Eneva e a Vibra representa uma movimentação significativa no mercado de energia e combustíveis, com o potencial de criar uma empresa líder em diversos segmentos do setor. A transação agora aguarda a avaliação e decisão dos conselhos de ambas as empresas e, se for aprovada, poderá ter um impacto significativo no cenário energético brasileiro.
As ações das elétricas Eneva e Vibra Energia iniciaram o dia de negociação de forma mista, refletindo a incerteza do mercado em relação à possível fusão entre as duas empresas. Enquanto as ações da VBBR3 registraram desvalorização desde a abertura do pregão, as ações da ENEV3 oscilaram entre ganhos sutis de até 0,92% e perdas de mais de 2%.
Especialistas de mercado apontam que a fusão parece ser mais vantajosa para a Eneva, uma vez que a proposta do negócio seria uma troca de ações em proporção igual (50%/50%), seguindo o modelo conhecido como “merger of equals”. No entanto, até a última sexta-feira, a Vibra Energia tinha um valor de mercado superior ao da Eneva, avaliada em R$ 20,7 bilhões, enquanto a Vibra era avaliada em R$ 25,9 bilhões.
Ruy Hungria, da Empiricus Research, destaca que a Eneva enfrenta um período difícil, com parte de sua capacidade de geração de resultado comprometida devido a questões relacionadas aos despachos. Por outro lado, a Vibra tem um perfil de geração de caixa mais previsível e estável, o que pode não ser do interesse dos acionistas da Vibra, que talvez estejam receosos com o perfil mais arriscado da Eneva.
Os riscos dessa fusão são diversos, e o BB Investimentos observa que, ao analisar períodos mais longos, a Vibra Energia apresenta uma consistente geração de caixa com risco relativamente baixo. Além disso, a empresa realizou investimentos recentes em novos negócios, diversificando suas fontes de receita. Entre esses investimentos estão a Comerc (maior exposição ao mercado de energia), a evolução no setor de etanol por meio da trading de etanol com a Coopersucar, a participação na Zeg Biogás para produção de biometano e a Brasil Bio Fuels para produção de querosene de aviação sustentável.
Por outro lado, o BB Investimentos identifica alguns pontos negativos, como a elevada alavancagem da Eneva, o perfil mais agressivo de crescimento da empresa, uma avaliação menos favorável aos acionistas minoritários da Vibra e a adição de novas capacidades no mercado de gás natural nos próximos anos, devido a projetos em implantação pela Petrobras, o que pode reduzir os custos desse mercado e afetar a competitividade dos projetos da Eneva.
Diante desses fatores, a corretora recomenda que os acionistas minoritários da Vibra analisem cuidadosamente a transação antes de tomar qualquer decisão. A fusão entre Eneva e Vibra Energia é uma operação que demanda uma avaliação criteriosa dos riscos e benefícios envolvidos, especialmente considerando o cenário desafiador do setor de energia no Brasil e as complexidades associadas à combinação de duas empresas de porte considerável.
Em resumo, o mercado está acompanhando de perto os desdobramentos da possível fusão entre Eneva e Vibra Energia, com a incerteza sobre como essa transação impactará ambas as empresas e seus acionistas. A decisão final dependerá da análise cuidadosa dos detalhes do acordo e da avaliação dos riscos e oportunidades envolvidos nessa operação.
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