Na última segunda-feira (23), as ações do mercado europeu fecharam o pregão em alta após a sinalização do aumento de juros feito pela presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde. Este será o primeiro aumento na taxa em uma década e é uma das alternativas para segurar a inflação que está atingindo o euro.
Segundo o especialista em finanças Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, a elevação de juros vai acontecer tanto nos Estados Unidos quanto na Europa em função da inflação e da retirada dos estímulos que foram feitos nos últimos anos.
Porém, não se sabe ao certo qual será a velocidade da retirada dos estímulos e nem a velocidade da aceleração do aumento dos juros.
“A desaceleração por parte da Europa a gente consegue ver ali no sentimento na Alemanha que saiu recentemente e obviamente com os níveis de atividade ali na própria Inglaterra que saiu também na última semana”
Afirma Costa.
Costa explica que o medo do mundo é a “estagflação”, com juros altos, baixo crescimento e um problema maior no futuro.
“Porque esse processo inflacionário foi devido a escassez de produtos e aumento ou a continuidade da demanda. Se a gente entra em recessão, a demanda diminui e por consequência o preço cai e obviamente as coisas tem que ficar mais baratas”
Explica Costa.
Impactos
Para João Beck, economista e sócio da BRA, a guerra da Ucrânia criou um desafio extra para a política monetária na zona do Euro puxando a inflação para além do efeito pós covid, por meio do gás natural e alimentos.
“É esperado vermos uma alta de juros na Europa bem mais cadenciada e gradual do que nos EUA. Na Europa, diferente dos EUA, consumo e investimentos estão em níveis menores que antes da pandemia. Parte da estagnação do bloco é por consequência da guerra em que política monetária tem pouca eficiência”
Acredita Beck.
No caso do Brasil, Jansen Costa afirma que diversas ações e fatores podem colaborar com o país, entre eles, o plano de infraestrutura da China sendo bem executado e o aumento do preço do minério, aumento da demanda, segurando o preço do minério.
Outra questão que para o especialista precisa ser organizada é em relação aos embargos feitos à Rússia.
“A Europa sofre com problema de energia baseado na questão dos embargos à Rússia. Então precisa-se resolver isso para se avançar”
Explica Costa.
Atualmente, 10% do petróleo mundial é produzido em território russo. Por conta de todos os embargos feitos em virtude da Guerra, o preço do petróleo dobrou ao longo do tempo.