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Fim do sonho Chinês: Com covid no radar, Economia da China vai "decepcionar" em 2022

imagem padrao gdi
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Entre a população: Negócio da China, entre economistas: Crescimento Chinês. A China vive no imaginário do mercado e o bom desempenho da economia chinesa nos últimos anos rende frases de impactos e substantivos de sucesso. No entanto, em 2022 a maior potência econômica do planeta parece estar vivendo novos desafios.

A política de ‘covid zero’ e o fim do boom na construção civil derrubaram o crescimento chinês — que continuará fraco nos próximos meses.

Para piorar: as medidas restritivas à circulação no país não devem ser relaxadas antes de abril, depois do encerramento do ciclo político na segunda maior economia do planeta. Essa é a avaliação de Arthur Kroeber, diretor de pesquisa da consultoria Gavekal, uma das fontes mais influentes de informações sobre a economia chinesa. Para as exportações brasileiras, a queda na construção civil deverá representar menor demanda por minério de ferro. O cenário para os alimentos, entretanto, segue positivo.

“Há na China um desejo de consumir alimentos de melhor qualidade,” Kroeber disse ao Brazil Journal. “Vejo muitas oportunidades para o setor agrícola, seja em soja ou em proteínas.”

Kroeber, autor do livro “China’s Economy: What Everyone Needs to Know”, acompanha o país por dentro desde 2002, quando fundou em Pequim o serviço de análises Dragonomics. Vive atualmente entre a capital chinesa e Nova York. Em sua opinião, pode ser prematuro afirmar que as multinacionais reduzirão de fato os seus investimentos na China, apesar da piora na confiança em relação ao país ocorrida nos últimos meses.

“Vejo uma divergência entre o que os executivos falam e o que as estatísticas mostram.”

O fiasco Chinês?

Segundo Kroeber, os chineses têm um problema do lado da demanda, resultado de suas políticas de controle da Covid, que restringem a mobilidade e os serviços ao consumidor. Isso levou a um declínio na confiança do consumidor.

“Em nossa opinião, as políticas restritivas deverão permanecer em vigor pelo menos até abril do próximo ano. Mas talvez o maior problema seja o mercado imobiliário, que está em uma recessão histórica. “

O governo vê a necessidade de uma reestruturação, porque a era do crescimento perpétuo das vendas acabou.

Querem criar um setor imobiliário mais consolidado e financeiramente estável. Para chegar lá serão necessários alguns trimestres. Haverá uma recuperação bastante modesta e, do ponto de vista de commodities, houve uma superprodução de aço.

Não ocorreram ajustes em linha com o ritmo da construção.

Vemos um desafio para o mercado de minério de ferro. A China continuará crescendo, mas de maneira mais fraca. Algo como 3% ou 3,5% neste ano e 4% a 4,5% no próximo.

Por fim, o analista desta que a grande diferença é que a China não está lutando contra um problema de inflação, ao contrário dos EUA e da Europa. Tem mais margem de manobra. Mas eles não querem aumentar muito o endividamento.