Notícias

Financiamento à geração distribuída ganha força no país

imagem padrao gdi
imagem padrao gdi

A geração distribuída (GD) solar de pequeno porte vem ganhando cada vez mais tração no Brasil e hoje é vice-líder no mercado de energias renováveis.

Nos últimos dois anos, o uso de energia solar no País cresceu em 104%, de acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Segundo a consultoria Greener, em 2022, a quantidade de instalações fotovoltaicas cresceu 84,9% em relação a 2021, alcançando 1,6 milhão de instalações no País. A potência adicionada em 2022 representa cerca de 43% do total de potência acumulada desde 2012 em GD no Brasil. E a potência acumulada em 2022 aumentou em 75% em relação a 2021.

Cerca de 90% do número acumulado de instalações fotovoltaicas apurado pela Greener pertencem à pessoa física; os 10% restantes, a pessoas jurídicas. A GD está caindo cada vez mais no gosto do consumidor brasileiro, é fato.

A energia solar atende àqueles que têm preocupações com o planeta: a matéria-prima vem da natureza, num processo totalmente sustentável. E também àqueles que se preocupam com o bolso: as estimativas de mercado apontam para uma economia de até 85% na conta de luz depois que o consumidor opta pelos painéis fotovoltaicos.

Mas essa é uma opção ainda distante para muitos, por conta da necessidade de investimento no início do projeto, o que faz com que essa economia só venha depois de um tempo.

O custo do projeto de instalação de um sistema solar varia muito em relação ao tamanho da conta de luz do consumidor, tipo de telhado que ele possui e complexidade da instalação – além do comportamento do câmbio e de commodities. Mas é possível estimar o tempo que se leva para pagar o investimento em 3 a 5 anos.

Segundo um levantamento do Portal Solar, em São Paulo, o valor do equipamento para um sistema de 6,46 Kwp, chega a R$ 22 mil, e o payback é de 5 anos. Para um pequeno comércio, também em São Paulo, o valor sobe para R$ 68,5 mil num sistema de 19,04 Kwp, também com payback em 5 anos e uma conta de R$ 1,5 mil.

Para quem quer aderir à energia solar, mas não quer ou não pode dispor desse montante de recursos de imediato, a atuação dos bancos, e seu papel crucial na abertura de crédito e financiamento no setor, tem se mostrado essencial para impulsionar a transição para a energia renovável.

Estudo da consultoria Clean Energy Latin America (Cela) mostrou que o volume de financiamento via instituições financeiras e mercado de capitais para a geração de energia solar no Brasil cresceu 79% para R$ 35,1 bilhões em 2022 em relação a 2021. Pelo quarto ano consecutivo, o Brasil bateu recorde de créditos destinados ao setor, segundo a Cela.

Desse valor, R$ 13,7 bilhões (+ 105%) foram para usinas de grande porte; R$ 11,9 bilhões (+34%) para a geração distribuída; e R$ 9,3 bilhões (+134%) para usinas solares remotas de geração distribuída.

Dados da consultoria Greener também evidenciam o aumento do interesse na oferta de soluções para o mercado solar: o número de instituições financeiras que oferecem essas linhas no Brasil cresceu 45% de 2021 para 2022, passando de 40 para 58 instituições.

Um levantamento feito pela Genyx, com base no banco de dados interno, com mais de 18 mil integradores cadastrados, indica que, de janeiro a maio de 2021, 69% das negociações para a compra de sistemas solares foram feitas de forma à vista. No mesmo período do ano passado, este número caiu para 61% e, agora, para 42% do total de transações. Já as compras financiadas eram 30% em 2021; 33% em 2022 e saltaram para 53% em 2023.

A inovação tem levado a ferramentas que facilitam o acesso aos recursos financeiros que ajudam a tornar os projetos mais acessíveis e promovem o crescimento do setor, principalmente na microgeração, que são os produtores domésticos de energia.

Segundo a Absolar, de 2010 a 2020, a tecnologia solar reduziu os custos em mais de 90%. Um módulo de silício que antes custava em torno de US$ 107,00 passou a custar cerca de US$ 0,20.

A redução dos custos de bens e serviços é fruto da rápida evolução das empresas integradoras, que se dedicam aos serviços de vendas, engenharia e instalação; e do ganho de escala no mercado mundial – o aumento da produção acaba levando à queda do custo de fabricação do equipamento. E isso também tem facilitado o acesso a linhas de crédito, uma vez que o valor exigido para que uma pessoa tenha um equipamento solar em casa é bem menor do que antigamente, o que torna o investimento inicial já bem mais acessível.

Nesse cenário que já se mostrava favorável ao crescimento do mercado, fatores ligados a questões conjunturais e macroeconômicas têm grande potencial para estimular ainda mais tanto a demanda dos consumidores pelos painéis quanto a oferta de crédito.

Historicamente, as tarifas de energia elétrica permanecem em alta no Brasil, e a perspectiva é que essa trajetória continue – por questões inflacionárias, hídricas, regulatórias e pelo próprio crescimento da GD, que já está avançando significativamente no mercado das grandes distribuidoras. Em 2023, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a alta da tarifa média de energia elétrica no Brasil será de 6,9%. A conta mais alta a cada ano acaba sendo um estímulo para que o consumidor se interesse por uma migração para a GD.

As boas notícias para o segmento também vêm do mercado de commodities. O polissilício, produzido a partir do silício, é responsável por cerca de 60% do custo de módulos fotovoltaicos, que, por sua vez, respondem em torno de 40% a 50% do preço final de um sistema fotovoltaico, segundo a Greener.

Esse insumo teve forte alta no primeiro semestre de 2022, chegando a US$ 39/kg; caiu para US$ 17/kg em janeiro de 2023; e teve um novo repique em fevereiro, quando bateu em US$ 30,80. Mas, desde então, o preço do polissilício entrou em queda e em junho estava a US$ 12,62 /kg.

A queda do insumo e o câmbio a favor contribuem para a baixa dos preços dos equipamentos e isso acontece num momento em que a tendência é que os financiamentos também tendem a ficar mais acessíveis.

Depois de mais de 2 anos, a expectativa é que o ciclo de alta da Selic, a taxa básica de juros do País, esteja chegando ao fim.

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada em junho, informou que a continuidade da queda da inflação, e seu impacto sobre as expectativas do mercado para o IPCA, pode possibilitar uma queda dos juros em agosto. Apesar de ainda haver divergências dentro do comitê, a avaliação predominante, segundo a ata, é de que há perspectiva de mudança no cenário de juros do Brasil na próxima reunião.

A pesquisa Focus, do Banco Central. que reúne uma média das expectativas econômicas de vários agentes do mercado, de 17 de julho, mostra que os analistas projetam a Selic a 12% em 2023 e a 9,5% ao ano em 2024. Há quatro semanas, as projeções eram de 12,25% e 9,5%, respectivamente.

Atento a esse cenário de demanda crescente, o ecossistema Genyx vai ajudar a viabilizar mais de R$ 200 milhões em financiamentos para o setor este ano. O valor estará disponível de acordo com o perfil de cada integrador e poderá ser visualizado diretamente no aplicativo da conta digital do Banco Genyx, que possui clientes em todo o Brasil. Dentro desse montante também serão ofertados financiamentos aos consumidores que pretendem gerar sua própria energia através do nosso hub de financiamentos. A Genyx se orgulha em dizer que está ajudando a viabilizar a aquisição de geradores através de financiamentos, democratizando assim o acesso à energia limpa e renovável.

A busca por um mundo mais sustentável ganhou um peso ainda maior na vida das pessoas e das empresas depois da pandemia do coronavírus. Os temas ESG (Environmental, Social and Governance) também têm mais atenção no sistema financeiro, inclusive com investidores exclusivamente dedicados a esses projetos que tenham impacto ambiental e social.

Em meados de julho, o Banco Europeu de Desenvolvimento (BEI) anunciou que vai emprestar 300 milhões de euros (R$ 1,6 bilhão) ao Santander Brasil para o financiamento de usinas fotovoltaicas de autoconsumo de pequena escala no Brasil, em residências e pequenas empresas, com uma capacidade total de geração em torno de 600 Mwp. A linha de financiamento faz parte da estratégia de investimentos do Global Gateway da União Europeia, que apoia o desenvolvimento de infraestrutura e conectividade em países parceiros do bloco.

O Brasil segue no centro das atenções quando o assunto é energia solar. O país tem a vantagem de estar perto da Linha do Equador, tem alto nível de incidência de sol, o que faz com que o mercado dessa energia se desenvolva ainda mais por aqui.

Segundo a Absolar, em junho de 2023, a energia solar fotovoltaica respondia por 14,8% da matriz elétrica brasileira, atrás apenas da hídrica, com 50,8%. A participação da energia eólica estava em 12%.

Para 2050, estudo da consultoria Bloomberg New Energy Finance, estima que cerca de 32% da energia nacional deverá vir do sol, enquanto a hidrelétrica cairia para 30%. A eólica, por sua vez, subiria para 14,2%.

*Diretor da Genyx e do Banco Genyx. Administrador com MBA Internacional em Finanças, Auditoria e Contabilidade pela FGV e Ohio University, pós-graduado em Mercado de Capitais e Derivativos pela PUC-MG e XBA em Inovação pela Startse University e Nova School of Business and Economics. Atuando há 20 anos no mercado de energia renovável nas áreas financeira, internacionalização de empresas nas Américas, desenvolvimento humano e inovações financeiras.