Notícias

Governo sabia de denúncias de assédio contra Silvio Almeida desde janeiro

Ariel de Castro revela que soube das acusações contra o ex-ministro, incluindo a denúncia de assédio à ministra Anielle, em janeiro.

silvio luiz de almeida 768x543
silvio luiz de almeida 768x543
  • Ariel de Castro Alves revelou que soube das denúncias de assédio contra o ex-ministro Silvio Almeida, demitido na sexta-feira (6), desde o início do ano
  • Segundo Alves, as acusações de assédio feitas contra Almeida pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, foram conhecidas pelo governo desde janeiro
  • O Estadão tentou obter uma posição do Ministério dos Direitos Humanos e do Governo Federal, mas não recebeu resposta até a publicação da reportagem

O ex-secretário nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Ariel de Castro Alves, revelou que teve conhecimento das denúncias de assédio contra o ex-ministro Silvio Almeida, demitido na sexta-feira (6), já no início do ano. Segundo Alves, as acusações de assédio feitas contra Almeida pela ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, foram conhecidas pelo governo desde janeiro. Ele confirmou essa informação ao Estadão.

“Na época foi difícil acreditar, mas depois ouvi colegas do movimento negro e do MDHC que confirmaram e falaram que as situações eram reiteradas”, afirmou Castro Alves.

O Estadão tentou obter uma posição do Ministério dos Direitos Humanos e do Governo Federal, mas não recebeu resposta até a publicação da reportagem. Anteriormente, o ex-ministro Almeida havia classificado as acusações como infundadas e acionado a Polícia Federal para investigar o caso. Além disso, ele processou a ONG Me Too, que divulgou as denúncias.

Alves também mencionou que, após o caso envolvendo Anielle Franco, surgiram outras denúncias de assédio moral no ministério, envolvendo Almeida e suas assessoras diretas. Embora não tenha divulgado nomes, Alves alegou que mais de 50 pessoas deixaram o ministério insatisfeitas com a gestão de Almeida e suas assessoras. Alves, que foi exonerado em maio do ano passado, relatou que as críticas a ele incluíram acusações de insubordinação e racismo.

“Ele (Silvio Almeida) e alguns assessores dele justificaram que eu não teria competência e que era insubordinado, porque não aceitava ordens de um ministro negro, dando a entender que eu seria racista”, diz.

Alves expressou sua decepção com a situação, afirmando que a crise gerada pelo caso prejudica a luta pelos direitos humanos no Brasil e lamentando o fim conturbado da gestão de Almeida.

Acusação contra o ex-ministro

A ONG Me Too Brasil, que combate o abuso contra mulheres, divulgou uma nota nesta quinta-feira, 5, informando que o ministro Silvio Almeida enfrenta acusações de assédio sexual. Em resposta, Almeida afirmou que as acusações são infundadas e sem provas, e solicitou à Polícia Federal a investigação do caso. O comunicado da ONG, contudo, surgiu após a publicação da notícia pelo site Metrópoles, com denúncias feitas por ex-integrantes do ministério.

 “A organização de defesa das mulheres vítimas de violência sexual Me Too Brasil confirma, com o consentimento das vítimas, que recebeu denúncias de assédio sexual contra o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos. Elas foram atendidas por meio dos canais de atendimento da organização e receberam acolhimento psicológico e jurídico”, diz o comunicado.

Embora o Me Too Brasil tenha decidido não revelar os nomes das denunciantes para protegê-las, a organização garantiu que as vítimas consentiram com a divulgação do caso. Silvio Almeida afirmou que toda denúncia deve ser investigada, mas ressaltou a importância de provas concretas.

“Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país”, reagiu ele, em nota.

“Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade. Entretanto, o que percebo são ilações absurdas com o único intuito de me prejudicar, apagar nossas lutas e histórias, e bloquear o nosso futuro”, completou. O ministro também gravou um vídeo e postou mensagem em sua rede social, repetindo o teor do que havia escrito.

Sair da versão mobile