A guerra entre Rússia e Ucrânia tem impactado negativamente as relações de diversos países e, um mês após o início em conflito, sanções econômicas preocupam o setor financeiro. Uma das consequências do confronto é a geração de um ambiente com aversão ao risco e uma alta na inflação.
Para auxiliar os investidores a compreender este cenário, o CEO da Apollo Investimentos, João Guilherme Penteado, faz um balanço do ponto de vista econômico de como as movimentações afetam o comportamento do mercado.
De acordo com o especialista, no começo do ano, o Brasil chegou a registrar uma das maiores inflações da América Latina, chegando a 10%. O percentual é o maior desde 2015 e esse cenário gera receios para investidores.
“Em um primeiro momento, muitos ativos foram vendidos, ocasionando uma queda generalizada das bolsas globais. Isso foi somado à expectativa de uma maior inflação e de novos reajustes de juros mundo afora, algo que já impactava negativamente o preço dos ativos. Com o passar do tempo e evolução da guerra, os mercados foram se normalizando, mas algumas bolsas europeias ainda apresentam pequenas quedas, principalmente a russa”, aponta João Guilherme.
Apesar da preocupação inicial, o cenário também apresenta boas oportunidades para alguns segmentos. Exportadoras de commodities podem se destacar dada a manutenção dos preços em patamares ainda maiores do que quando houve o boom na retomada econômica pós-lockdown.
“Diante do receio de desabastecimento de commodities produzidas em larga escala na Ucrânia ou na Rússia, houve aumento nos preços desses ativos. O Petróleo WTI cujos futuros andavam em torno de US$92 por barril, por exemplo, subiram até US$ 130. Esse problema deve se estender porque o principal causador da inflação global foi a pandemia de Covid-19. O conflito na Ucrânia apenas impõe maiores dificuldades para a recuperação dos países, já que as sanções econômicas e a destruição da economia ucraniana são muito negativas para toda a Europa”, observa.
O economista da Apollo Investimentos explica também que este é o momento para ser um pouco mais conservador e recomenda que os investidores priorizem a proteção seus portfólios da inflação potencial e se exponham a riscos apenas onde houver oportunidades concretas.
“Ainda não sabemos até onde vai e nem os próximos desdobramentos do conflito. Com o aumento da taxa Selic para os patamares atuais, é muito mais fácil e prático ganhar dinheiro sem risco. Mesmo que a bolsa brasileira apresente desconto comparado ao seu histórico recente, uma alocação em bolsa nesse momento é uma opção para foco em longo prazo. Fundos imobiliários se tornarão interessantes ao final do ciclo de alta dos juros e com o controle da inflação, mas o momento de compra deles ainda não chegou”, finaliza.