- Fernando Haddad suspende proposta de Simone Tebet de acabar com a indexação do salário mínimo
- Haddad sugere, no entanto, que a solução reside em identificar fontes de financiamento para cobrir essas despesas
- A sugestão havia sido levantada não apenas por Simone Tebet, os técnicos expressaram preocupação com uma possível bomba-relógio fiscal que poderia desestabilizar a situação econômica
Em entrevista ao Estadão/Broadcast na última quinta-feira (9), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, rejeitou a proposta de acabar com a indexação do salário mínimo. Técnicos de ambas as pastas, de forma reservada, levantaram essa sugestão, não apenas a Ministra do Planejamento, Simone Tebet. Eles expressaram preocupação com uma possível bomba-relógio fiscal que poderia desestabilizar a situação econômica.
“Houve um debate, na época da discussão da política de valorização do salário mínimo, em que a Fazenda defendeu que o indexador do mínimo fosse o PIB per capita e a posição da Fazenda foi vencida”, disse o ministro.
O ministro sugeriu que a solução reside em identificar fontes de financiamento para cobrir essas despesas.
“A Previdência tem um custo e precisamos encontrar meios de financiamento para honrar os compromissos assumidos pelo país”, afirmou.
Nesse caso, Haddad “confunde a origem do problema”, que é o crescimento acelerado desses gastos. E, não apenas a falta de receitas, ultrapassando o limite de 2,5% estabelecido pelo arcabouço fiscal. Isso significa que se os gastos da Previdência aumentam, outras áreas precisam crescer menos, ou até mesmo reduzir, para que tudo permaneça dentro do teto máximo permitido pela regra.
Dificuldades políticas
O ministro também mencionou as dificuldades políticas em alterar os pisos da saúde e da educação, que atualmente o governo vincula às suas receitas. No entanto, ele observou que essa vinculação acaba prejudicando “as áreas desprotegidas” do Orçamento.
Em um cenário extremo, essas três despesas (Previdência, saúde e educação) acabarão consumindo todos os gastos discricionários do governo, como investimentos e custeio, o que, na prática, resultará na paralisação da máquina pública.
Economistas temem que o presidente Lula possa decidir flexibilizar o teto de 2,5% antes mesmo de chegar a esse ponto. Assim, ampliando ainda mais a margem de gastos. Isso poderia distanciar ainda mais a estabilização da dívida pública, afetando o dólar, a inflação e a taxa básica de juros.
O ministro mais uma vez delegou a agenda de cortes para a pasta de Tebet, embora tenha defendido um projeto para acabar com os supersalários no funcionalismo público. No entanto, todos consideram isso insuficiente para atender à necessária agenda de cortes.
Haddad também abordou a divisão no Copom na quarta-feira. Destacando que não existem bancadas políticas dentro do Banco Central. Ele destacou uma quebra de acordo por parte do Copom em relação ao que foi indicado na ata da reunião de março, que prometia um corte de meio ponto.